quinta-feira, 14 de junho de 2012

Briga de irmãos, o presente de aniversário e alguns livros.

Eu e meu irmão temos uma relação de Amor e Amor, porque decididamente nós não nos odiamos nunca, mas nosso amor quase sempre e constantemente termina em confusões pra lá de irritantes.

Há dias nos quais nós acordamos brigando e brigamos para dormir. E sim, isso é perfeitamente comum aqui em casa e por favor nunca dê razão a ninguém, siga o exemplo de Rafaela (irmã caçula), do Renato (amigo dele e meu irmão do coração) e da Aline (depois de mais de 10 anos tentando me chamar a razão ela entregou para Deus) nunca tome partido e garanta dois bons amigos para a vida toda.

Os motivos das nossas brigas??? Bem... Sabe que eu sempre sinto dificuldade de lembrar porque a briga começou!?!?! Triste isso!! O importante é que o senhor Rafael Júnior é muito, muito, mais muito mesmo, irritante, chato, manhoso e ... eu já disse que ele é irritante??? Pois é, ele é irritante!!!

Ou que nome vocês dariam a uma pessoa que te chama de Pokemon, pokebola e por ultimo e mais irritante Bulbasaur e ainda fica dizendo "buba... buba... buba" no meio de uma importante discussão???


Pois é... pois é... pois é... pois é... Eu sofro!!! Mas fora isso nós temos uma parceria intelectual muito boa. Meu irmão é um ótimo companheiro para assistir filmes, discuti filosofia, aprender sobre artes plasticas e falar sem compromisso sobre literatura... Sem contar que fez a mesma graduação que eu: "História".

E esse ano meu irmão foi autor de uma curiosa surpresa de aniversário... Ele nunca teve ao longo desses anos de convivência o habito de abraçar, beijar ou presentear no dia do meu aniversário, mas em edição extraordinária ele resolveu me surpreender e no dia do meu aniversário me deu uma pequena onça desenhada em papel moeda (R$ 50,00).

Eu quase morri de susto, nem se fosse uma onça de verdade assustaria tanto, cai para trás e nós tivemos uma discussão por causa disso.

Em síntese:

Pandora: "Eu não pedi presente a você."

Rafael Júnior: "Mas eu quis da, não é crime querer presentear alguém, mesmo a pessoa sendo chata"

Pandora: "Isso não é presente que se dê".

Rafael Júnior: "Mas você deu dinheiro a Vô Gilda, lembra?"

Pandora: "É diferente, Mãe tem de tudo!"

Rafael Júnior: "Eu não sabia o que comprar." 

Pandora: "Qualquer coisa servia."

Rafael Júnior: "To sem tempo, eu trabalho e estudo e blá... blá..."

Pandora: "Você é um preguiçoso e não quis enfrentar fila!"

Rafael Júnior: "Você é uma ingrata!"

E daí pode crer que a briga rendeu... Assim meio sem sentido de ser mesmo... Ficamos os dois emburrados, depois esquecemos e no dia seguinte obviamente eu peguei minha onça e fui eu mesma comprar meu presente... Pensei em comprar uma saia, uma blusa,  completar e comprar um vestido, mas no final acabei comprando dois livros \o/


Comprei "O médico e o monstro", por ser um clássico; e "O livro das coisas perdidas", andei paquerando esse livro por um tempão sem tempo ($) para trazer ele para casa. Na foto ele está junto com "Garota Replay" que recebi da Aleska. Dos três o único que li até aqui foi "O livro das coisas perdidas" e achei terno, lindo e levemente emocionante.

Tá, como o senhor Rafael Júnior não ler mesmo esse blog, aqui posso admitir: eu adorei poder comprar livro não-acadêmicos sem culpa.

E sim, já que estamos falando em livros, esse mês chegou mais dois livros através de minha parceria com a Saleta de Leitura. Chegaram "O sonho de eva" e "A filha da minha mãe e eu" com direito a brindezinho e tudo.


E por fim, já que estamos falando de livros que chegaram, acabou de chegar em minha caixa o livro "O clã dos magos" que estarei lendo e resenhando para o blog ".Livro" a convite do Luciano Santos... 


Confesso, estou altamente lisonjeada pelo convite, visto ser o Luciano um resenhista competente; e um tanto nervosa, pois o blog do nego é um dos espaços lúcidos da blogosfera literária. Vou fazer meu melhor \o/ #Garanto

E claro (como sou amostrada!) vou mostrar os mais novos moradores de minha estante. 


Luciano, espero que vc goste desse pequeno mago e ache ele fofo, porque, conhecendo minha família, a partir de hoje todo mundo vai se referir a ele como Luciano :)

domingo, 10 de junho de 2012

A dança das paixões (Dancing At Lughnasa)

Como eu já disse em outros momentos, cinema não é uma arte cujos caminhos e descaminhos eu domine bem. Não conheço a história do cinema, os grandes diretores, atores, atrizes, a importância desse ou daquele premio e derivativos...

Quem é o máximo, quem é o minimo nos caminhos da Sétima Arte são conhecimentos que me escapam, como a areia escapa de um lado para o outro na ampulheta e o mesmo serve para questões musicais.

Mas, vez ou outra eu assisto um filme ou escuto uma música e gosto muito e nessas horas bate uma vontade de cometer a temeridade de escrever e registrar o fascínio do momento.

Quando terminei de assistir A dança das Paixões ou Dancing at Lughnasa foi exatamente isso que sentir: "uma vontade de cometer a temeridade escrever e registrar o fascínio do momento".

A dança das paixões não é um filme que conta uma história imprevisível ou fora do comum, não é um escanda-lo de efeitos especiais, não é épico, um triunfo gráfico ou um drama mexicano Shakespeariano, nem tem aquele ator, como o Chris Hemsworth, que só de ver algo em você faz clic... E acima de qualquer coisa A dança das paixões não é um produto descartável no mercado das histórias contadas através do cinema.

Ele conta uma história cujo maior destaque na minha opinião é ser possível. A forma como ele conta a respeito do ultimo verão que cinco irmãs viveram juntas em uma comunidade rural da Irlanda é totalmente lirica, emocionante e possível de ter ocorrido com várias pessoas em diversas comunidades rurais espalhadas mundo a fora.

Nenhuma das irmãs está vivendo a primavera de sua vida no momentos que nós as encontramos. A mais velha é uma professora primaria nada querida pelos seus alunos, a mais nova tem uma deficiência cognitiva, as irmãs dizem que ela é uma pessoa simples, uma é mãe solteira, e outras ajudam nas finanças da casa tricotando luvas de algodão e também há um irmão mais velho, o padre Jack Mundy que passou a vida inteira na África e volta para casa um tanto quanto diferente. 


Ele foi para a África catequizar os nativos e voltou a Europa lindamente catequizado, também tenho a impressão que ele sofre de Alzheimer e a certeza de que Michael Gambon construiu um dos personagens mais fofos que tive a honra de conhecer.

O filme se passa em uma época na qual o radio ainda era o grande meio de comunicação através do qual as pessoas recebiam informações sobre o que ocorria no resto do mundo e claro ouviam música. E a música, como o titulo sugere, é algo marcante no filme.

Através do rádio elas escutam a música e uma das cenas mais lindas do filme é quando, no meio das  crises financeiras e tempestades psicológicas que assolam as irmãs, toca uma música tradicional irlandesa e pouco a pouco elas vão entrando no ritmo e de repente não mais que de repente se vêem dançando juntas dentro da casa, ganhando o jardim, enchendo todos os espaços como se não houvesse o hoje ou o amanhã apenas a dança em um momento muitooo lidooo, tocante e real.


O filme todo é delicadamente real, simples e cativante o que talvez o torne complexo, perfeito e digno de ser épico. Realmente não é algo feito para ser um produto descartável no mercado cinematografico e deve ter dado um trabalho terrível a atores, diretores, produção de arte e derivativos.

Vê-lo me fez recordar uma fala de Terry Pratchett sobre as histórias que nos são contadas das mais diversas formas... Ele diz que:

"Os desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas... As histórias nunca eram sobre eles."


Bem, grande parte das história que vejo contadas nos cinemas através dos filmes realmente não são sobre essas pessoas, de fato:

"As histórias (ou os que contam e leem as histórias) não estão, de modo geral, interessadas em guardadores de porcos que permanecem sendo guardadores de porcos, com pobres sapateiros humildes cujo destino é morrer um pouco mais pobres e muito mais humildes."

Mas, ver A dança das paixões me fez pensar que há quem se interesse por falar a respeito de pessoas comuns que vivem vidas comuns lembrando de dizer que mesmo mulheres pobres perdidas no meio de uma comunidade rural esquecida no passado da Irlanda, cujo destino realmente foi morrer um pouco mais pobres do que nasceram, dançaram a dança das paixões e tiveram momentos e histórias que valem a pena ser contados em grande estilo com grandes atores lhes conferindo vida.
_________

Ah, antes que eu me esqueça, A dança das Paixões chegou até minhas mãos sob a forma de presente oferecido pela Menina das Ideias, Aleska!


Obrigada bicha feia por me permitir esses momentos de pura epifania rsrs...



quarta-feira, 6 de junho de 2012

Risque....


Risque é o nome de uma música que eu costumo ouvir na voz do antológico Nelson Gonçalves, meu pai adora e eu não desgosto completamente.

Ela é pra lá de dramática, fez menção a um amor romântico fracassado, mas essa semana eu confesso que tive vontade de dizer isso a uma pessoa com a qual não tive nenhum romance...

Eu compartilhei apenas um companheirismo amigo que eu pensei que fosse durar alguma coisa... Não durou... Geralmente nesses casos quando alguém que some retorna eu não digo nada pq a vida é assim mesmo, cheia de encontros e desencontros.

Quem é presente hoje amanhã pode ser ausente e quem está ausente de repente pode se tornar alguém de primordial importância em um momento critico.

MAS... em relação a esse ser, eu revejo as lembranças, reavalio os encontros e os desencontros, pondero as histórias e no momento no qual ele falou comigo a única vontade que tive foi usar o verso da música e dizer "Menino, risca, meu nome do seu caderno" ou como diz a minha irmã: "Me mira e me erra!".

Deus e o mundo sabem que sou uma pessoa melosa e dramática.... Muito ruim com o uso do meio termo, ou eu gosto ou não gosto... Ou eu percebo todos os detalhes ou não vejo nada... E sim, quando eu pego abusoooo Afff...

Nossa... Eu me sinto até meio culpada por sentir tanto abuso em relação a alguém que outrora foi tão próximo... Acho esse sentimento muito pouco cristão, mas não consigo evitar de sentir abuso e querer distancia, muita distancia, toda a distancia do mundo!

domingo, 3 de junho de 2012

Calvin, o Freudiano!


Calvin é um garotinho de 6 anos terrível cujo brinquedo preferido é um tigre de pelúcia que ganha vida através de sua imaginação ativa, criação de um tal de Bill Watterson desde 1985 ele é um sucesso publicado em mais de 2000 jornais do mundo inteiro.


Desde que se começou a pensar que os quadrinhos são um suporte legal para o ensino de diversas disciplinas escolares Calvin também é presença constante nos livros didáticos das mais diversas séries e disciplinas, foi assim que eu conheci ele. 

Imagem daqui.


Desde que[2] ele critica muitoooo o modelo escolar de ensino ele também é presença constante nas revistas Nova Escola.


Aparentemente os editores não param para refletir que o modelo escolar americano pode assim ser um tanto quanto diferente do brasileiro e a realidade também... O importante é mesmo ressaltar a critica ao professor, a forma como ele seleciona os conteúdos a serem ensinados, como ele conduz esse ensino... 


Nãoooo... O fato de serem conteúdos e formas de ensino uma construção cultural na qual o professor é apenas 1 não importa, no roll da fama dos culpados, o professor sempre é o mais. #Fato

E por fim, desde que o Calvin[3] é super critico em relação a Deus e sua obra, ele é figura constante em redes sociais e afins.


Através dessas redes descobrir que, do alto dos seus seis anos, o nosso querido garoto prodígio é um Freudiano!!!


Gente essa observação do Calvin me pareceu tão Freud!!!
Eu quase cai para trás quando li isso!!!

Recentemente eu cruzei com um livro de Freud, "O futuro de uma ilusão", estava a um preço modico então eu comprei, não tinha a intensão de ler de imediato, mas eu tive que ficar duas horas em um fila no posto de saúde, o livro tava na bolsa, eu não tinha mesmo o que fazer... Então lá fui eu ler Freud.

Foi surpreendente porque eu esperava uma sopa de pedra e em vez disso tive uma papa de farinha. Néh que Freud escreve fácil! Nada de texto travado...

A coisa flui rapidamente e foi assim que eu descobrir que segundo Freud o homem não nasce bom e a sociedade o corrompe. Segundo Freud o homem é fera, é lobo e a sociedade o disciplina.

Entre as formas de disciplinar o lado Fera do homem está a Religião, um belo conjunto de ilusões que vem sendo construída desde os primórdios da humanidade com o objetivo de nos ajudar a nos equilibrar diante dos nossos dilemas cotidianos.

Pelo que entendi, segundo Freud, a religião está para nossas necessidades existenciais assim como a cultura está para as nossas necessidades materiais.

E se a cultura é construída a partir da verdade imposta pela materialidade da vida a religião se apoia em imaginação - ilusão... A religião é uma forma necessária de disciplinamento social, mas, segundo Freud, nem sempre é uma forma saudável de encarar as questões para as quais a materialidade do mundo não oferecem soluções tal como a morte, o destino, a doença, nosso lado animalesco, o lado sombrio da vida.

A parte o grande mal humor que existe em relação a Freud, Calvin é amado por todos e muitos curtiram e compartilharam esse pensamento do pirralho... Se fosse Freud dizendo facas rolariam face a fora e é claro que eu não posso deixar de ri sozinha só de pensar nisso rsrsrsrs... #Preconceito

Ah, antes que eu me esqueça, minha leitura de Freud foi feita por pura diversão, foi o primeiro livro dele que li, então minha interpretação aqui é limitada quase uma ousadia digna de um bom cascudo. Mas, a parte esse limite, eu me permito discordar dele em alguns pontos, para minzinha a religião é uma construção cultural tanto quanto a ciência.

Freud pensa ser a ciência uma construção humana muito mais eficiente, um conhecimento infinitamente melhor e mais seguro que o conhecimento religioso. Francamente, eu não concordo mesmoooo com ele nesse ponto, assim como discordo que cultura e civilização são a mesma coisa, que as religiões evoluem de um lugar a outro e que a presença europeia na África e na Ásia foi um empreendimento civilizatório.

E sim, vou continuar explorando Freud e rindo com o Calvin, quem sabe numa dessas eu não descubro porque o povo adora dizer:
"Freud explica!"