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domingo, 15 de março de 2015

Para Sir Terry Pratchett

"Sir Terry Pratchett,

Obrigador ter sido meu autor favorito durante todo esse espaço de tempo confuso entre meus 20 anos e os 30. Por ter me feito sorrir aquele sorriso da cumplicidade. Todos dizem que eu não sei brincar, mas ler seus livros para mim é uma brincadeira deliciosa.

Obrigada por me fornecer uma forma inusitada, sarcástica, acida e ao mesmo tempo humorada de ver o mundo.

Obrigada pelo "Mundo do Disco", Discworld. Pela versão mais avacalhada, mordaz e inteligente do Apocalipse de "Belas e Precisas Maldições". Pelas melhores bruxas já inventadas! Sempre achei o senhor um grande feminista ;) ! Estou sempre tentando seguir os conselhos de Vovó Cera do Tempo, gostaria de ser mais como a Tia Ogg, mas sou muito Magrete, ainda tentando descobrir "o que é real, o que não é real e qual a diferença".

Obrigada, por ter sido, e ser, através de seus livros, um companheiro nos meus sofríveis passos no quase insuportável mundo dos adultos.

Tem sido um prazer conhecer um autor tão maravilhoso assim! Costumo indicar a meus amigos e alunos os seus livros, muitas vezes inicio minhas aulas com uma frase sua, meus alunos costumam saudar meu "excelente humor matutino" com "liricas" exclamações de "Quanto otimismo professora!", mas eu não ligo, afinal, é certo:

"Se você confiar em si mesma...
– ... e acreditar nos seus sonhos...
– ... e seguir a sua estrela...
– –... ainda assim vai ser derrotada por pessoas que gastaram o tempo delas dando duro, aprendendo coisas e que não foram tão preguiçosas."

É claro que...
"As estrelas não estão nem aí pro que você deseja, a magia não torna as coisas melhores e ninguém deixa de se queimar quando põe a mão no fogo. Se você quiser chegar a algum lugar... tem que aprender três coisas. O que é real, o que não é real e qual a diferença."
E não se deve esquecer: 

"A luz acha que viaja mais rápido que tudo, mas está errada. Não importa quão rápido a luz viaje, a escuridão sempre chega antes e está a sua espera."


No 12 de Março, quando cheguei em casa, como de costume, me vi na frente do computador para contemplar as novidades do mundo. Foi nesse momento que recebi a noticia do falecimento de Terry Pratchett. Naquele momento preferi não dizer nada, mas olhando em retrospecto, ele tem sido meu autor favorito pelos últimos 10 anos. Não sou de escrever cartas a meus autores, mas não posso deixar de registrar minha gratidão pelo seu trabalho.

Pratchett escreveu mais de 70 livros, vendeu mais de 85 milhões de exemplares em todo o mundo.
Foi diagnosticado em 2007 com Alzheimer, o que não o impediu de continuar escrevendo. Ele defendia a pratica da eutanásia e em nota oficial foi dito: "Terry morreu em casa, com o gato dormindo em sua cama e cercado pela família, no dia 12 de março de 2015"

Me sinto quase criminosa por está triste, foi feita a sua vontade e definitivamente me afligia a ideia de uma mente tão incrível definhar até o limite do senilidade, porém não sei como evitar a melancolia, há mais um espaço vazio nesse mundo, eu já sinto saudades!

Enfim, acho vou imitar os estudiosos da Literatura, ter uma crise de otimismo e guardar no coração a ideia de que autores geniais, através de seus livros, encontram uma forma de eternidade.



domingo, 9 de novembro de 2014

Paço do Frevo [Desafio 12 Lugares #07]

Se houve um lugar no qual, desde o inicio desse desafio, eu quis ir foi o "Paço do Frevo", um museu dedicado ao frevo, ritmo característico do carnaval pernambucano e reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. O Paço existe para preservar e difundir a memória do que é o frevo e de como ele foi sendo construído pelas pessoas dessa cidade ao longo do último século.

 

Sempre fiquei me perguntando como os organizadores teriam feito para criar um local no qual uma coisa fluida e sem materialidade como um ritmo e uma dança carnavalesca poderia ser preservado e difundido. E sinceramente, não sai frustrada.


O "Paço do Frevo" é um espaço dinâmico como o frevo e ferve de vida como um carnaval. É um local incrivelmente movimentado, durante todo o tempo no qual eu e o Alexandre andamos por lá vimos crianças, sorrisos e aquele barulhinho característico de espaço frequentado por crianças felizes e em momento de felicidade.


Eu me apaixonei pelo espaço pela dinâmica do espaço. Embora deva admitir que o acervo não é tudo o que eu esperava. Atualmente o espaço conta com fotos e videos nos quais as pessoas comentam a história do frevo de forma didática para que as crianças possam compreender de onde vem o frevo e quais foram as pessoas que o construíram, além de um espaço magnifico no terceiro anda no qual nós podemos conferir inúmeros estandartes das agremiações.


Eu senti muita falta de ver os objetos materiais ligados ao frevo: roupas, sombrinhas, instrumentos de sopro, moveis das agremiações. O "Paço do Frevo", apesar de ser tudo de bom, padece da mesma fragilidade do "Museu da Língua" em São Paulo, ou seja, falta de acervo material. E apesar de amar ambos os espaços, acho importante lembrar: "A humanidade faz os objetos e os objetos fazem a humanidade.". Os objetos que cercam nossas vidas são documentos que informam sobre nós, os objetos que cercavam as pessoas que fizeram o frevo também fazem parte e eu sentir falta deles.


Mas, por outro lado é preciso ter paciência, o espaço está aberto há menos de um ano e consequentemente seu acervo está em construção. Sem contar que quem se ocupa de investigar as pessoas não abastadas da sociedade sempre tem que lidar como o fato de que essas pessoas tem serios problemas para conservar objetos por muito tempo.




O frevo é uma criação das pessoas que vivem no lado B da cidade, usando as palavras de Terry Pratchett, o frevo é uma invenção dos:
"desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas. E o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros...".


Essas pessoas da nevoa e da lama, que vivem no lado b da cidade eram e são as "que fazem o reino mágico funcionar" são as que preparam suas refeições, varrem o chão, carregam suas sujeiras à noite, dirigem seus carros, fazem com que a luz acenda e por ai vai... Suas vidas muitas vezes passam sem serem percebidas ou registradas, a menos claro, que eles façam greve ou decidam eleger um presidente ou presidenta. É muito bom visitar um espaço que existe em função de preservar um feito dessas pessoas.

As pessoas desqualificam favelados, analfabetos, pobres com muita facilidade e se esquecem de que nós não somos acéfalos ou incapazes. Nós conhecemos a força que existe do outro lado da fraqueza e deixamos nossa marca nesse mundo e as vezes essa marca é tão grande, lustrosa e imponente que nada consegue apagar, como o frevo, só para citar um exemplo.

Ah, o Alexandre foi comigo ao Paço e graças a ele as fotos ficaram PERFEITAS! Inclusive essa foto fofa com  Antônio Maria, autor do Frevo Número 1 e claro, para não variar estou meio sem jeito cutucando o poeta... 


Esse post pertence ao Desafio 12 Lugares proposto pelo Blog "Aceita um Leite?"


domingo, 20 de julho de 2014

Terry Pratchett, meu autor favorito [Desafio Calendário Literário]

O tema de junho do "Desafio Calendário Literário" do "Aceita um leite?" foi um livro de seu autor favorito, eu estou atrasadinha com as postagens, mas hoje é o dia. Vamos lá!

Quem me conhece sabe, tirando Fernando Pessoa, não tenho um autor favorito, eu tenho vários autores e autoras favoritos(as). Cada época da minha vida foi povoada por um autor ou autora favorito e atualmente, ou melhor, nos ultimo 8 anos, Terry Pratchett tem ocupado esse posto com uma convicção e garra nunca antes visto na história desse país.


Há quem pense que meu autor favorito é o Gaiman ou a Jane Austen. De fato eu gosto muito do Gaiman, ele é mistico, lirico, romântico, poético, mas nadica de nada de irônico, sarcástico e dado a trolagens. A Jane Austen é minha autora favorita, ela é perfeita, mas decidi falar do Pratchett, pois apesar de ter muito dele fragmentado por esse blog, nem de longe falei tanto dele quanto falo de Janezinha do meu coração e preciso fazer justiça ao meu amor por ele.

Sir Terence David John Pratchett, é um escritor inglês, mais conhecido pelos seus livros da série Discworld, cujas histórias se passam em um mundo parecido com um disco, localizado em cima de quatro elefantes que por sua vez ficam em cima de uma gigantesca tartaruga a "Grande Atuin".


Discworld é o paraíso para todo o tipo de sátira possível e imaginaria ao mundo real. Começou como uma sátira a histórias de jovens magos super-poderosos e promissores, depois virou uma tiração de onda genial com praticamente tudo que existe. Quem curte "O guia do mochileiro das galaxias" corre o risco de descobrir um paraíso nos livros de Terry Pratchett, porque a avacalhação aqui jamais tem fim.

O livro da série escolhido para ser lido no desafio foi "A cor da Magia", o vol. 1 da Série. Nele começamos a conhecer o Mundo do Disco através da "cidade formada pela orgulhosa Ankh e pela pestilenta Morpork, da qual todas as outras cidades no tempo e no espaço são mero reflexo" e nenhuma outra cidade do mundo da fantasia vai lembrar tanto as cidades reais.

"Os poetas a muito desistiram de tentar descrever a cidade. Os mais espertos disfarçam. Dizem que... bem... talvez ela seja malcheirosa, talvez ela seja superpovoada, talvez ela seja um pouco como o Inferno seria se controlassem o fogo que queima por lá e formassem um curral cheio de vacas com problemas intestinais durante um ano. Mas é preciso admitir que ela é cheia de vida pura, dinâmica e vibrante. E é verdade, apesar de serem os poetas quem dizem isso. E as pessoas que não são poetas dizem: e daí? Os colchões também tendem a ser cheios de vida, mais ninguém escreve odes a eles. Os cidadãos odeiam morar lá e, se são obrigados a mudar para outra cidade por causa do trabalho, por aventura ou, o que é mais comum, para esperar que algum astatuto de limitações expire, não vem a hora de voltar para que possam sentir um pouco mais do prazer de odiar viver lá. Eles colocam adesivos na parte de trás da carroça dizendo: "Ankh-Morpork - Odeia-a ou deixe-a"... (...) Ela sobreviveu a enchentes, incêndios, multidões, revoluções e dragões." (Terry Pratchett, A magia de Holy Wood, p. 12-13)

Ankh-Morpork são separadas/unidas por um rio cuja água é "incrivelmente pura... qualquer água que tivesse passado por tantos rins tinha que ser, de fato, muito pura." .

Qualquer semelhança com Recife é mera... genialidade!

O personagem principal da história é o Mago Rincewind. Ele não é jovem, não sabe nenhum feitiço, aliás foi expulso da Universidade Invisível na qual os magos são formados por ter mexido em um feitiço perigoso. Ou seja, o Rince é um mago covarde, velho e fracassado, além de um pouquinho amoral cujo único talento é ser fluente em várias línguas e se meter em encrenca com uma facilidade horrorosa. #TeamRicewind



A confusão história começa quando o Rinc. encontra com o Duasflor, o primeiro turista a aparecer no Disco vindo de outro mundo. Duasflor é uma criatura totalmente inocente e rica perdida no meio de uma cidade pestilenta, na qual até os ratos sentem cheiro do ouro e correm para ele e vai meter o mago fracassado nas mais loucas e ilarias aventuras.

Eu sou apaixonada "Mundo do Disco", viciada no humor, na forma como o Pratchett dobra a nossa realidade e nos faz ri com ela, como é realista em suas analises e vai direto no ponto. Como o Gaiman ele tem lá seu romantismo, lirismo, roubo descarado do universo do Shakespeare e derivados, mas soma a isso sarcasmo, acidez e é uma delícia. Infelizmente, não faz no Brasil tanto sucesso quanto Gaiman, é ruim achar livros dele, eu tenho alguns, o Kobo me ajuda com tantos outros digitalizados na base do "de fã para fã".


Ah, o Pratchett é amigo do Gaiman e escreveram juntos o divertido e incomodo "Belas Maldições", só indicado para pessoas não-cristãs ou cristãs capazes de ri e ter senso critico com suas próprias crenças. O humor acido do Pratchett e sua visão avacalhada dos deuses sobrepõe-se a visão do Gaiman, um pouquinho mais leve e romântica da coisa toda chamada fé. Segundo Pratchett "uma chave para compreender todas as religiões é que a ideia de diversão para um deus é jogar “Cobras e Escadas” com os degraus oleados." (Terry Pratchett).

Voltando ao Discworld, depois de "A cor da Magia" vieram muitos outros livros, o Disco foi pouco a pouco povoado com vários personagens. Bruxas, pequenos homens [gnomos], heróis, ladrões, Bobos da Corte e por ai vai. De todos os personagens o meu preferido é a Vovó Esmeralda Cera do Tempo, produtora de um dos meus lemas de vida:
"As estrelas não estão nem aí pro que você deseja, a magia não torna as coisas melhores e ninguém deixa de se queimar quando põe a mão no fogo. Se você quiser chegar a algum lugar... tem que aprender três coisas. O que é real, o que não é real e qual a diferença." (Quando as Bruxas Viajam, Vovó Cera do Tempo, p. 145)

Esse post faz parte do desafio:


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P.S.: No finado Orkut, uma das coisas mais legais eram as comunidades voltadas para os fãs do Terry nas quais a gente podia postar nossas frases preferidas do Disco. Eu já pensei mil vezes em abrir um post só para as frases memoráveis de Terry Pratchett, mas fui protelando, então vou aproveitar esse post e deixar algumas frases aqui. A pretensão é ir aumentando a lista gradualmente a medida que eu for relendo os textos, então essa parte do post é tipo leia por sua conta e risco, pode não ser tão interessante.

"se você confiar em si mesma... 
– Sim? –...e acreditar nos seus sonhos... 
– Sim? – ...e seguir a sua estrela... [...] 
– Sim? –...ainda assim vai ser derrotada por pessoas que gastaram o tempo delas dando duro, aprendendo coisas e que não foram tão preguiçosas." (Os pequenos homens livres, Terry Pratchett)

"...cê e sempre como aquela pessoa na festa segurando a bebidinha num canto que num consegue se enturmar. Tem uma pequena partezinha dentro de você que num quer derreter e derramar." (Os pequenos homens livres, Terry Pratchett)

"As pessoas pensam que dão forma às histórias. Na verdade, é o contrário. As histórias existem apesar de seus participantes. Se você sabe disso, esse conhecimento é poder. Histórias, grandes fitas vibrantes de espaço-tempo modelado, agitam-se e desenrolam-se pelo universo desde o início dos tempos. E evoluíram. As mais fracas morreram e as mais fortes sobreviveram, engordando a cada vez que eram recontadas..."(Quando as Bruxas Viajam, Terry Pratchett)

"E assim porque as pessoas são dominadas pela Dúvida. Esse é o motor que as impulsiona ao longo da vida. É o elástico na hélice do aviãozinho de plástico da sua alma, e passam o tempo enrolando-o até dar um nó. " (Quando as bruxas viajam, Terry Pratchett)

"Ela odiava todas as coisas que predestinassem as pessoas, que as fizessem de bobas, que as tornassem pouco menos que humanas." (Quando as Bruxas Viajam, Terry Pratchet).

"A realidade não e digital, algo que se liga e se desliga, mas analógica. Gradual. Em outras palavras, a realidade é uma qualidade que as coisas possuem, da mesma forma como possuem, digamos, peso. Algumas pessoas são mais reais que outras, por exemplo. estima-se que existam apenas cerca de 500 pessoas reais em cada planeta, motivo pelo qual elas vivem se encontrando inesperadamente o tempo todo." (A magia de Holy Wood, Terry Pratchett)

"... com a quantidade certa de cebolas fritas e mostarda, as pessoas comiam qualquer coisa." (A magia de Holy Wood, Terry Pratchett)

"Guarda sempre tinha o cuidado de não intervir muito cedo numa briga, antes de as vantagens ficarem solidamente do seu lado. O emprego oferecia pensão e atraia esse tipo de homem cauteloso e prevenido." (A cor da Magia, Terry Pratchett)

"Pitoresco significava - concluiu ele depois de uma profunda observação dos cenários que inspiravam Duasflor a se valer do termo - que a paisagem era terrivelmente íngreme. Exótico quando usada para descrever os ocasionais vilarejos por que passavam, queria dizer assolado por doenças e caindo aos pedaços. Duasflor era um turista.. Turista, concluiu Rincewind, queria dizer idiota." (A cor da magia, Terry Pratchett)

"O que os heróis mais gostam é deles mesmos." (Terry Pratchett).

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Questão de desafio!!!

Imagem "Estante Seletiva"

Com a chegada de 2014 parece que toda blogosfera começou a criar mil e um desafios. Bem, eu sou uma leitora meio bagunçada, indisciplinada e maluca, em síntese, eu até paquero os desafios, mas topar já outros quinhentos.

No entanto, observando o meu Skoob dei de cara com uma lista de 10 livros na tag "Lendo" e isso me soou como o cumulo da indisciplina literária.

mi

Então separei esses livros, empilhei, encostei no canto ao alcance da mão e vou começar o ano novo tentando zerar essa essa pilha, na qual não se encontra "O festim dos corvos", pois esse lerei em e-book. Vamos ver se eu consigo terminar ao menos 1 por semana.



Ah, antes que eu me esqueça, os livros da pilha são:

"O príncipe e o mendigo" do Mark Twain
"O mal-estar na cultura" de Sigmund Freud
"Sushi" da Marian Keyes
"Nebulosidade Variavel" de Carmen Martin Gaite
"O livro de Ariela", vol. 2 da Série A guerra das sombras do Jorge Tavares
"Dom Quixote" de Miguel de Cervantes
"Gabriela, Cravo e Canela" de Jorge Amado
"A magia de Holy Wood" de Terry Pratchett
"A seleção" de Kiera Cass
"O festim dos corvos", vol. 4 do "As crônicas do Gelo e Fogo" do George R. R. Martin


E você, em quais desafios se meteram nesse inicio de 2014?
Conseguiram cumprir os de 2013?
Será que consigo zerar essa lista?
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Obs: "O mal estar da cultura" eu terminei de ler em 21 de Janeiro de 2015 kkk sou terrível com metas! :'(

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Bruxas... Bruxas... Bruxas... [Top 5 Bruxas e Feiticeiras]

"Sua mãe lera para ela, quando era pequena, e depois ela leu para si. E todas as histórias tinham, em alguma parte, a bruxa. A velha bruxa malvada.
Tiffany pensara: Onde estão as provas?
As histórias nunca dizem por que eram malvadas. Bastava ser mulher, velha, totalmente sozinha e com aparência estranha, já que faltavam dentes. Era o que bastava para ser chamada de bruxa.
Pensando assim, o livro nunca dava provas de nada. Ele falava sobre "um belo príncipe"... Era belo mesmo ou só porque era príncipe as pessoas o chamavam de belo? E a "menina que era tão bela quanto o amanhecer"... Bom, que amanhecer? No solstício do inverno, quase não havia luz ao amanhecer! As histórias não queriam que você pensasse, só queriam que acreditasse no que contavam...
De qualquer modo, preferia as bruxas aos príncipes belos e convencidos, e especialmente às princesas burras e de sorrisos falsos, que tinham menos inteligencia que um besouro." [PRATCHETT, Terry. Pequenos homens livres: uma história do disco. São Paulo: Conrad, 2010. pg. 30.]
Só pela citação já da para perceber o quanto sou simpática e o porquê sou simpática as bruxas da ficção néh!?!? Talvez pelo fato do dia das bruxas está chegando, talvez pelo fato de adorar relembrar a adolescência a Mi do Notas de Rodapé resolveu fazer um Top 5 Bruxas e Feiticeiras e eu estou indo na onda.


5. Morgana do Castelo Rá Tim Bum: fez parte da minha infância, sempre vinha com informações divertidas é quase uma inspiração de Tia para mim que sou cheia de sobrinho graças a Deus! E ainda tem o bônus de ter tido um namorico com o Leonardo da Vinci!


4. Luna Lovegood, amiga do bruxinho Harry Potter sempre teve algo que me encantou. Certa tenacidade misturada com uma leve loucura... A Luma é inteligencia temperada com imensa capacidade de voo e abstração. Não sente estranhamento diante de situações estranhas e por isso é estranha... Enfim, eu a amo, acho que ela também tem um ar de geminiana em sagitário, mas a Aleska é mais indicada para dar o diagnostico.


3. A Morgana das Fadas do "As Brumas de Avalon" da Marion Zaimmer Bradley, não é simpática ou bonita, em suas analises ao menos não, mas conduzida por suas memórias dos tempos do Rei Arthur, suas conquistas e derivativos eu aprendi muito e refleti muito sobre minha posição no mundo como mulher e cristã. Eu amei, odiei e voltei a amar a Morgana da Marion, ela quase faz parte de mim, como só os bons personagens conseguem.


2. Yuko, a Feiticeira Dimensional do mangá e anime X-Hollic da CLAMP, uma mistura de mistério, sarcasmo, bom humor e sabe Deus o que mais. Ela tem uma loja na qual pessoas podem encontrar ajuda para realizar qualquer desejo. Bem, qualquer desejo com a condição de esterem dispostas a pagar o preço, pois no Universo além de não existir acaso nada é de graça, tudo tem um preço.


1.  Esme Cera do Tempo ou Vovó Cera do Tempo, da Série Discworld do Terry Pratchett, nada do que eu possa falar da Vovó faria jus a ela. Uma mulher sem meias palavras, dura, sincera, meio solitária, mas... sei lá... Ela é especialista em "cabeçologia", detesta usar a magia, tem a melhor "primeira visão" de todos os tempos, entende de histórias e domina como ninguém a arte de ter "o pensamento melhor".

Ainda sobre a Vovó, deixo essas palavrinhas do Terry, as quais me fazem querer na próxima vida vim parecida com ela:

"E assim porque as pessoas são dominadas pela Dúvida. Esse é o motor que as impulsiona ao longo da vida. É o elástico na hélice do aviãozinho de plástico da sua alma, e passam o tempo enrolando-o até dar um nó. As primeiras horas da manhã são o pior momento — aquele breve momento em que você sente medo de ter vagueado para longe durante a noite e alguma outra coisa tenha se alojado em seu corpo. Isso nunca acontecia com Vovó Cera do Tempo. Ela passava direto do sono profundo para o funcionamento instantâneo a seis cilindros. Nunca precisava se achar porque sempre sabia quem estava procurando."

"Ela odiava todas as coisas que predestinassem as pessoas, que as fizessem de bobas, que as tornassem pouco menos que humanas." [Terry Pratchet]
Eu não sou tão boa quanto a Mi em fazer listinhas praticas e rápidas, mas fiz a minha. Isso não é tag, meme ou blogagem coletiva, mas se alguém quiser fazer seu "Top 5 Bruxas e Feiticeiras" faz e deixa o link, eu vou adorar conferir.



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Meme Literário de Um Mês 2012: Dia 25 – Cite um livro que você achou que iria gostar e acabou não gostando.

O Belas Maldições escrito por Neil Gaiman e Terry Pratchett. Putz eu achei que ia viajar, curtir, me divertir e tudo e tal.

Na verdade eu até me divertir, ri e curti... MAS... Não é tão fácil para uma cristã educada para acreditar no fim do mundo e levar muito a sério todas as profecias do Apocalipse e derivativos encarar um livro no qual tudo isso é levado na piada.

Por mais que Gaiman e Pratchett sejam brilhantes eu ria e sentia culpa, eu sentia culpa e ria...

Foi uma leitura incomoda do B ao S.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Meme Literário de Um Mês 2012: Dia 22 – Cite 3 escritores que você gosta.

Esse negócio de citar três é complicado!!! São tantos escritores que eu me pergunto como pode haver tantos!!!

Mas vamos tentar chegar a três nomes e que os outros não se sintam chateados.

Machado de Assis, fez parte de minha adolescência e toda vida adulta. É simplesmente maravilhoso e tem um texto que nunca envelhece ou deixa de nos surpreender. Quanto mais leio "Memórias Póstumas", "Dom Casmurro", "Helena" e etc... mais encontro coisas que não percebi na leitura anterior. Quanto mais conheço o Machado, mais ele me mostra que ainda não conheço e tenho algo dele a conhecer.

Fernando Pessoa, é seminal em minha trajetória de leitora e ser humano. Sou mil e uma vezes apaixonada pelo Pessoa e todos os seus "eus". Claro, uma geminiana legitima de fabrica só podia ser fã de um autor que "multiplica-se para se sentir" e mais que mudar de ideia muda de eu por inteiro enquanto escreve.

Terry Pratchett, engraçado, divertido, irônico, acido quando precisa ser, genial. Eu sou apaixonada por esse inglês.


O Meme Literário de Um Mês 2012 é  coisa saída diretamente do Happy Batatinha.

PEQUENOS AVISOS

Por esses dias vou está fora de Recife, mas as postagens do Meme já estão todas programadas.

A parte isso, lá no Escritos Lisérgicos o Christian está propondo uma  Blogagem Coletiva sobre lendas urbanas, caçando livros para liberar acabei encontrando minha edição de Assombrações do Recife Velho de Gilberto Freyre e acabei decidindo disponibilizar minha edição para ser sorteada entre os participantes.

Quem gosta de contar histórias de terror ou conhece uma lenda urbana e quer torna-la conhecida de toda blogosfera, sinta-se convidado a participar.

Clique na Imagem e confira a Ideia!

domingo, 21 de outubro de 2012

Meme literário de um mês 2012: Dia 21 - Cite 3 personagens literários favoritos.

Salve a imaginação!
(Barbara de S. Araujo, 07.2012)
Cá está outra pergunta complicada. Você cita um personagem e os outros podem ficar com ciúmes. Enciumados começam a fazer barulho e quem controlará essa algazarra mental criada por essa trupe?

Complicado, muito complicado escolher apenas três personagens literários favoritos quando se acumula ao longo da vida vários personagens literários favoritos.

Além do mais, eu sou geminiana, ou seja, eu troco de personagem favorito como quem troca de ideia... E olha, eu troco de ideia com uma facilidade!!! rsrsr....

Mas, vamos tentar... Que nenhum dos meus fofos personagens se sinta ofendido ou desmerecido, se ano que vem eu for participar novamente vou tentar adicionar a lista mais três personagens diferentes.

Quando penso em personagem favorito a primeira coisa que vem a cabeça é a Vovó Cera do Tempo, personagem criada por Terry Pratchett e que aparece em vários livros da série Discworld a bruxa mais incrível que já conheci através dos livros. Quando estiver velha quero ser como ela simples assim. Tem personalidade, foco, força, instinto.

Eu sou super fã dela especialmente porque, com eu, ela detesta tudo que torna as pessoas menos que humanas.

"Ela odiava todas as coisas que predestinassem as pessoas, que as fizessem de bobas, que as tornassem pouco menos que humanas." (Terry Pratchett)

Outro personagem inesquecível é a Elizabeth Bennet de "Orgulho e Preconceito". Fiquei batendo a cabeça na parede por não ter colocado esse livro entre os três +, mas não vou deixar Austen de fora da lista dos favoritos de jeito nenhum.

As vezes as pessoas dizem que eu pareço com a Lizze, mas o fato é que eu li tantas vezes "Orgulho e Preconceito" e gosto tanto da personagem que parte da minha personalidade e forma de perceber e interpretar o mundo foram apreendidas do texto de Austen e Elizabeth Bennet é uma inspiração.

E por fim, excluindo totalmente os personagens masculinos dessa lista kkkk, não posso deixar de incluir a Death de Neil Gaiman. Ela é a encarnação antropomórfica da Morte mais fofa da literatura, sem contar que é uma grande irmão mais velha.

Sou fã do seu estilo, do seu jeitinho de levar a vida, pode parecer mórbido  mas curto demais esse personagem e algumas de minhas amigas sempre que vem ele nos face, blog e orkut dizem que ela é a minha cara, ta que algumas delas não conhece Sandman, mas tudo bem néh!!!

O Meme Literário de Um Mês 2012 é uma ideia saída do Happy Batatinha!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Assim também ofende néh!!!

Nos últimos tempos a leitura de textos voltados para a História e a escrita tem consumido grande parte de meus dias. De forma que tem sido muito mais frequente na rotina desse blog que eu fale de livros ou comece uma reflexão a partir de uma leitura de algum livro.

E bem, hoje isso vai se repetir um pouco... Perdão pela repetição!

Mas, como minha pesquisa de mestrado diz respeito as ultimas décadas do Império do Brasil fui obrigada a me deparar com o livro "O pântano e o riacho" de Raimundo Arrais. O livro é resultado da pesquisa de doutoramento dele feita na USP e tenta tratar das transformações pelas quais passou o espaço urbano do Recife ao longo do século XIX.

Para tanto, ele invoca textos clássicos sobre a cidade durante o século XIX. Ele analisa textos produzidos durante a primeira métade o século XX por Pereira da Costa, Mario Sette e Gilberto Freyre, entre outros. Aliás a melhor parte do livro  é quando ele fala sobre os autores e a forma como eles desenharam a cidade do Recife em seus discursos.

Enfim, no final do livro ele vai falando o que não deu certo para a cidade, o que foi sonhado e não concretizado e fala sobre os subúrbios da cidade. É certo que no inicio do século XIX há um certo romantismo na visão que os intelectuais tinham do subúrbio. Carlos Pena Filho, na primeira metade do século XX, falou assim dos subúrbios da cidade:

"Nos subúrbios coloridos
em que a cidade se estende,
em seus longos arredores,
onde, a cada instante nasce
uma rosa de papel,
caminham as tecelãs.
Restos de amor nos cabelos
que ocultam por ocultar,
levam a noite no ventre
e a madrugada no olhar..."

Quase cinquenta anos depois muitas águas rolaram debaixo das pontes da velha cidade do Recife, houve os milhares de retirantes vindos dos diversos estados do Nordeste para cá, houve a expulsão da população do centro para o subúrbio, pseudos-revoluções, ditadura, resseção, crise, caos... Enquanto as áreas que pertenciam a velhos engenhos foram sendo lentamente ocupadas e a cidade foi crescendo meio loucamente.

Se eu fosse descrever Recife eu roubaria as palavras de Terry Pratchett usadas para descrever Ankh-Morpork em "A Magia de Holy Wood":

"Os poetas a muito desistiram de tentar descrever a cidade. Os mais espertos disfarçam. Dizem que... bem... talvez ela seja malcheirosa, talvez ela seja superpovoada, talvez ela seja um pouco como o Inferno seria se controlassem o fogo que queima por lá e formassem um curral cheio de vacas com problemas intestinais durante um ano. Mas é preciso admitir que ela é cheia de vida pura, dinâmica e vibrante. E é verdade, apesar de serem os poetas quem dizem isso. E as pessoas que não são poetas dizem: e daí? Os colchões também tendem a ser cheios de vida, mais ninguém escreve odes a eles. Os cidadãos odeiam morar lá e, se são obrigados a mudar para outra cidade por causa do trabalho, por aventura ou, o que é mais comum, para esperar que algum astatuto de limitações expire, não vem a hora de voltar para que possam sentir um pouco mais do prazer de odiar viver lá. Eles colocam adesivos na parte de trás da carroça dizendo: "Ankh-Morpork - Odeia-a ou deixe-a"...
(...) Ela sobreviveu a enchentes, incêndios, multidões, revoluções e dragões."
(Terry Pratchett, A magia de Holy Wood, p. 12-13)

A cidade de Recife inteira é complicada, louca, maravilhosamente viva e cheia de problemas. Meu bairro é cheio de problemas, se eu os fosse listar eu precisaria de um novo blog só para isso. A parte isso, destaco uma parte do texto de "O pântano e o Riacho" no qual Raimundo Arrais fala das áreas elevadas do Recife:

"Ali, o que era o romantismo de subúrbio virou desumanidade e medo. Na visão noturna de quem entra no Recife, são aquelas luzes mínimas cintilando no fio frágil das formas subindo e descendo os morros descalvados da primitiva mata. Na visão diurna, impõe-se o anti-cartão postal dos panoramas da Grande Recife: a imagem da iminência das tragédias coletivas nos véus negros das lonas distribuídas pelo governo para cobrir os trechos das ribanceiras e impedir que, fustigados pela chuva, desçam rolando, no esbarrancamento desse aglomerado indistinto de paredes, alicerces, telhas e tralhas domésticas."
(ARRAIS, Raimundo, O pântano e o riacho: a formação do espaço publico no Recife do século XIX, pg. 516, 517)

Caraca meu irmão!!! Quantas expressões pejorativas em uma única descrição: desumanidade, medo, anti-cartão postal, tragédias coletivas... Ele chamou meus livros de tralha ou é impressão minha?!?!

Tá, eu não sou Gabriela, mas vou usar uma fala dela: "Gostei não!" e em minhas próprias palavras: "Assim ofende!".

Nós somos pessoas certo! Somos humanidade e não desumanidade. Todas as pessoas do mundo vivem a iminência da tragédia coletiva. Medo? Falta de segurança é um problema da cidade inteira e não apenas dos suburbios da cidade, todo mundo vive com medo nos dias de hoje. Sinceramente eu me sinto muito mais segura quando o ônibus dobra a Avenida Norte e eu me vejo no meu bairro, respiro, estou em casa. E definitivamente tralha é uma palavra ofensiva para designar os bens adquiridos através de uma vida de trabalho duro e constante.

Me deu tanta raiva ler essa passagem do livro que não pude evitar vim aqui e escrever! Não é que o suburbio seja o paraíso na terra, não é! Muita coisa precisa ser mudada por aqui, há o descaso do poder público, há esgotos a céu aberto, tem lugares nos quais chega a conta de água e não chega água, os problemas urbanidade são muitos mesmoooo com todos os "oos" do mundo.

Mas não consigo deixa de pensar que nessa passagem o Raimundo Arraes pareceu o Caco Antibes dando uma de poeta e não posso deixa de exclamar: "Qualé cara! Isso é bullying sábia?".


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Da dignidade do Gato!!!

Ontem eu terminei de ler O clã dos Magos, livro que me foi enviado pelo Luciano do .Livro, ai mexendo na net vi uma foto de uma moça que colocou uma toalha em cima da cachorrinha dela e tirou uma foto junto com o mini-mago e o livro pra combinar...

Eu achei a foto e a ideia muito fofa (clique aqui para conferir) e entre mim e "mim mesma" comecei a planejar fazer o mesmo com meu lindo gato Batatinha Rafael Clemente.

Bem, ele ficaria lindo de Mago Negro, mas vamos e venhamos, é claro que isso nunca daria certo!!! Batata é qualquer coisa menos um animal dócil que se deixa apanhar para brincadeirinhas minhas néh?!?!

Mas, o legal, foi que antes mesmo que eu começasse a sequencia "caça ao Batata", Rafaela me chegou no computador com a seguinte imagem:


Desconfio que pode até existir animal tão digno quanto, porém, no entanto, todavia, mais digno que esse felino é difícil. Bem já disse Terry Pratchett:


"Nos tempos antigos os gatos eram adorados como deuses, eles não se esqueceram disso até hoje."
(Terry Pratchett)

Reza a lenda que os egípcios realmente adoravam a Bastet, a deusa gato, associando-a ao sol, a fertilidade e a gestação... Ainda segundo conta a lenda, com passar dos séculos e o crescimento do Império Romano Bastet passou a ser associada/misturada a Ártemis ficando definitivamente ligada a Lua, noite e derivativos.


Na minha época de graduanda li um livro chamado "O grande massacre dos gatos" e nele tem um capitulo que discute como a imagem do gato associada a feminilidade, a sensualidade e ao perigo foi sendo construída ao longo do tempo. Talvez por essas associações, reze outra lenda que uma bruxa sempre tem um gato preto por perto, o que me leva novamente a Terry Pratchett e suas bruxas.


Uma das bruxas desse autor é a Tia Ogg, ela tem um gato chamado Greebo, depois de Garfield, Greboo é definitivamente meu gato preferido da literatura.



"Para Tia Ogg, Greebo era o gatinho fofo que corria atrás de novelos de lã pelo chão.
Para o resto do mundo, era um gato enorme, um pacote de forças vitais incrivelmente indestrutíveis dentro de um couro que não parecia pele de animal, mas um pedaço de pão deixado num lugar úmido durante quinze dias.

Os estranhos sempre ficavam com pena dele porque suas orelhas não existiam e sua cara dava a impressão de que um urso acampara em cima dela. Não sabiam que ela era assim porque, por uma questão de orgulho felino, tentava violentar ou brigar com absolutamente qualquer coisa, incluindo uma carroça para transporte de toras puxada por quatro cavalos. Cães ferozes gemiam e se escondiam debaixo da escada quando Greebo passava pela rua. Raposas mantinham-se distantes da aldeia. Lobos davam meia-volta.

Era provavelmente o único gato que conseguia ronronar com escárnio."
(Terry Pratchett- Quando as bruxas viajam)



E claro, se estamos falando de gatos não podemos esquecer do gato de Cheshire que em Alice no País das Maravilhas é autor de uma das tiradas mais inquietantes da literatura:


"- Gatinho de Cheshire (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito de para onde quer ir - responder o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
- Mas eu não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.
- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.
- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.
- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui."
(Lewis Carroll)

Em síntese, eu não tenho coragem de fazer traquinagens com Batatinha!!!! A dignidade e o orgulho felino que atribuo a ele se confunde com o orgulho e dignidade que eu mesma procuro construir em mim.



Sem contar que eu sempre lembro de Sandman vol. 18, do Sonho de Mil Gatos e de uma Gata informando-nos que podemos mudar o mundo!



E por fim, já que para nossa alegria e pena é segunda-feira novamente, só me resta concluir esse post com o Garfiel:



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Quem é o Carnaval...

Galo da Madrugada
Ladeiras de Olinda
Recife Antigo: Marco Zero!


"Os desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas. E o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros. As histórias nunca eram sobre eles.

As histórias não estão, de modo geral, interessadas em guardadores de porcos que permanecem sendo guardadores de porcos com pobres sapateiros humildes cujo destino é morrer um pouco mais pobres e muito mais humildes.

Essas pessoas eram as que faziam o reino mágico funcionar, que preparavam suas refeições, varriam seu chão e carregavam suas sujeiras à noite, e eram os rostos na multidão cujos desejos e sonhos, por mais complacentes que fossem, não tinham nenhuma conseqüência. Os invisíveis."
(Terry Pratchett)
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Hoje é o dia do desfile do Gala do Madrugada, maior bloco carnavalesco do mundo... O carnaval do Recife é uma festa totalmente de rua, popular, 0800, de graça, ou seja, a prefeitura gasta milhões com ela para desespero de quem acha saúde, educação, urbanidade e derivativos algo prioritário... Mas, acreditem, o Carnaval é uma força que não poderia NUNCA ser contida... Se a prefeitura fizesse diferente... Se ela não gastasse pesado com ele, ninguém sabe o que aconteceria.

Pensando nas características do Carnaval da minha cidade lembrei dessa citação de Pratchet. tirada do livro "Quando as bruxas viajam", olho para a multidão e percebo o quanto ela é adequada, o carnaval em Recife é a festa do invisíveis.


Terry Pratchett