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domingo, 9 de novembro de 2014

Paço do Frevo [Desafio 12 Lugares #07]

Se houve um lugar no qual, desde o inicio desse desafio, eu quis ir foi o "Paço do Frevo", um museu dedicado ao frevo, ritmo característico do carnaval pernambucano e reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. O Paço existe para preservar e difundir a memória do que é o frevo e de como ele foi sendo construído pelas pessoas dessa cidade ao longo do último século.

 

Sempre fiquei me perguntando como os organizadores teriam feito para criar um local no qual uma coisa fluida e sem materialidade como um ritmo e uma dança carnavalesca poderia ser preservado e difundido. E sinceramente, não sai frustrada.


O "Paço do Frevo" é um espaço dinâmico como o frevo e ferve de vida como um carnaval. É um local incrivelmente movimentado, durante todo o tempo no qual eu e o Alexandre andamos por lá vimos crianças, sorrisos e aquele barulhinho característico de espaço frequentado por crianças felizes e em momento de felicidade.


Eu me apaixonei pelo espaço pela dinâmica do espaço. Embora deva admitir que o acervo não é tudo o que eu esperava. Atualmente o espaço conta com fotos e videos nos quais as pessoas comentam a história do frevo de forma didática para que as crianças possam compreender de onde vem o frevo e quais foram as pessoas que o construíram, além de um espaço magnifico no terceiro anda no qual nós podemos conferir inúmeros estandartes das agremiações.


Eu senti muita falta de ver os objetos materiais ligados ao frevo: roupas, sombrinhas, instrumentos de sopro, moveis das agremiações. O "Paço do Frevo", apesar de ser tudo de bom, padece da mesma fragilidade do "Museu da Língua" em São Paulo, ou seja, falta de acervo material. E apesar de amar ambos os espaços, acho importante lembrar: "A humanidade faz os objetos e os objetos fazem a humanidade.". Os objetos que cercam nossas vidas são documentos que informam sobre nós, os objetos que cercavam as pessoas que fizeram o frevo também fazem parte e eu sentir falta deles.


Mas, por outro lado é preciso ter paciência, o espaço está aberto há menos de um ano e consequentemente seu acervo está em construção. Sem contar que quem se ocupa de investigar as pessoas não abastadas da sociedade sempre tem que lidar como o fato de que essas pessoas tem serios problemas para conservar objetos por muito tempo.




O frevo é uma criação das pessoas que vivem no lado B da cidade, usando as palavras de Terry Pratchett, o frevo é uma invenção dos:
"desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas. E o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros...".


Essas pessoas da nevoa e da lama, que vivem no lado b da cidade eram e são as "que fazem o reino mágico funcionar" são as que preparam suas refeições, varrem o chão, carregam suas sujeiras à noite, dirigem seus carros, fazem com que a luz acenda e por ai vai... Suas vidas muitas vezes passam sem serem percebidas ou registradas, a menos claro, que eles façam greve ou decidam eleger um presidente ou presidenta. É muito bom visitar um espaço que existe em função de preservar um feito dessas pessoas.

As pessoas desqualificam favelados, analfabetos, pobres com muita facilidade e se esquecem de que nós não somos acéfalos ou incapazes. Nós conhecemos a força que existe do outro lado da fraqueza e deixamos nossa marca nesse mundo e as vezes essa marca é tão grande, lustrosa e imponente que nada consegue apagar, como o frevo, só para citar um exemplo.

Ah, o Alexandre foi comigo ao Paço e graças a ele as fotos ficaram PERFEITAS! Inclusive essa foto fofa com  Antônio Maria, autor do Frevo Número 1 e claro, para não variar estou meio sem jeito cutucando o poeta... 


Esse post pertence ao Desafio 12 Lugares proposto pelo Blog "Aceita um Leite?"


domingo, 6 de julho de 2014

Sugestões - TAG

A Mari B. do "Devaneios e Desvarios" me indicou a tag "Sugestões" e eu resolvi embarcar na brincadeira. Ela consiste em realizar algumas missões, a saber:
1. Mostrar qual o blog que te indicou.
2. Sugerir um filme, uma comida, uma música, uma série e um livro.
3. Sugerir duas outras coisas do item 2.
4. Indicar 10 blogs para essa tag.
Preciso dizer que não sou muito de sugerir coisas as pessoas, afinal meus gostos são "bizarramente contraditórios", mas vou fazer o meu melhor.

FILME: "Crash"


Em Crash são retratados os dramas do cotidiano paranoico das grandes cidades do mundo. Eu me reconheço nos conflitos e pesares dos personagens desse filme. Na vida real, não existe heróis e vilões, todos são humanos e isso é violento, brutal, lirico, dramático, desalentador... Quando eu estou no meu limite escuto minha mãe dizendo: "Jaci, todo mundo tem uma história!",  "Crash", para mim, é como uma mãe gritando para o mundo: "Acordem, todos vocês possuem uma história!" e repentinamente me ocorre que talvez nós poderíamos, se quiséssemos, para de viver certos ciclos, deixar de acordar para o mesmo dia para o qual tínhamos dormido.

COMIDA: Banana Frita


A melhor coisa para se comer de manhã ou a noite, para mim, é um belo prato com três bananas fritas na manteiga com açúcar por cima e devidamente acompanhadas de uma xícara de café fumegante! É simples, é gostoso, é delicioso, é a minha cara.


MÚSICA: "20 anos blues"

Para explicar porque indico essa música uso as palavras da própria Elis no programa Ensaio da TV Cultura de 1973: "Essa música é da Sueli Costa, a letra é do Vitor Martins. Eu gosto dessa música porque tem muito haver comigo as coisas da letra, eu também tenho mais de vinte muros, também tenho mais de vinte anos, aliás quase trinta. É aquilo ali, aquilo ali é muito parecido comigo."



SÉRIE: Todas as inspiradas na obra de Jane Austen!


São românticas, sem serem muito melosas, bem ambientadas no século XIX, possuem personagens femininas marcantes, são lindas, possuem uma trilha sonora cativante e eu posso, para desespero da minha família, rever qualquer uma delas mais 10, 20, 30 vezes.

LIVRO: "Jantar no restaurante da saudade" de Anne Tyler


Essa foi a sugestão mais difícil, são tantos livros, escolher um parece uma missão impossível. Especialmente um sobre o qual eu ainda não tenha comentado por aqui. Li "Jantar no restaurante da saudade" pela primeira vez em 2005, é um susto constatar que faz quase dez anos, parece ter sido ontem. Ao falar sobre seus personagens e escolhas Anne Tyler tem a incrível capacidade de me fazer pensar sobre minha vida e a de meus semelhantes. Ela me leva a olhar para o outro e me reconhecer nele. Ninguém é herói ou vilão, todos somos apenas frágeis seres humanos, o que não nos impede de cometer incríveis enganos ou sermos vitimas de terríveis crueldades.
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3. Sugerir duas outras coisas do item 2: Minhas sugestões são: "Um lugar" e "Uma imagem marcante".
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4. Indicar 10 blogs para essa tag: Quem achar interessante pegar sinta-se a vontade. E caso alguém resolva responder a tag me avisa para que eu possa linkar aqui e ir lá conferir.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Só uma música que não sai de minha cabeça...

Pois é, fui assistir "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" porque X-Men fez parte de minha adolescência, eu amo o Wolverine e Hugh Jackman é simplesmente, incrivelmente, formidavelmente lindo.

Não esperava ser atingida por uma bomba de emoção.

Mas fui...

E como fui, não consigo tirar da minha cabeça a voz da Roberta Flack cantando "The First Time Ever I Saw Your Face"

 Eu devo está numa TMP dos infernos, louca ou sei lá o que, mas fiquei tão embevecida que o corpo nu Hugh Jackman me pareceu pouco menos que nada...

Aliás, ainda há uma lágrima em mim para essa canção... Não canso de ouvi-la... Não sei se vou cansar um dia...

E eu nem mesmo sou uma criatura musical, ou escuto músicas que abordam relacionamentos, romance, paixonites, fossa e derivativos [Roupa Nova/Los Hermanos nem sob tortura]...

Enfim... Devo mesmo está de TPM... Que passe logo...

domingo, 13 de abril de 2014

Mais Macho...


Hoje acordei ouvindo Luiz Gonzaga. Já passava das nove da manhã e meu irmão decidiu escutar algumas músicas do velho mestre. A música responsável por me fazer atravessar a barreira entre o sono e o despertar chama-se "Paraíba masculina" e mal abri os olhos, minha mãe sorriu para mim e entre o riso jogou um "Olha Rita!". Voinha Rita era paraibana, minha mãe me acha parecida com ela psicologicamente e emocionalmente e semana passada eu fui, após uma reunião tensa, honrada com o titulo de "Mais Macho...". Então já acordei sorrindo para a nova semana.

Não me escapa que atribuir a uma mulher capaz de enfrenta uma situação desafiadora com burrice mal-calculada coragem o titulo de "macho" e a um homem covarde o titulo de "mulherzinha" evidencia o imenso machismo da cultura pernambucana. Mas, é reconfortante ser associada a Dona Rita, ela era autentica e corajosa. Autenticidade e coragem são coisas das quais ando precisando. Não tenho um sertão para atravessar carregando meus sete filhos, mas tenho desafios a enfrentar e eles me dão medo.

Aliás, meus últimos tempos tem sido demasiado marcados pelo medo. Tenho repensado constantemente minha escolha profissional pela docência e até que ponto essa foi uma escolha acertada. Não tenho me sentido uma boa professora! Tem sido difícil enfrentar dia após dia algumas turmas! Eu sinto como se estivesse me afogando e não há quem me ajude a respirar! Acho que vou sumir ou desaparecer! Fazia tempo que eu não ouvia tanto Duvet...

Investi tanto de mim, minha força, tempo, sono, atenção e cuidado nessa profissão que tenho dificuldades em acredita que escolhi errado. E se escolhi errado, preciso de uma nova escolha... Mas qual? Eu não tenho medo do escuro, mas me pego pedindo "por favor deixem as porcarias da luzes acesas". Queria muito ter certeza de que tudo não foi simplesmente "Tempo Perdido".

Talvez por tudo isso, mesmo não ignorando o machismo, ser adjetivada como "mais macho...", me fez feliz. Me fez crer, por alguns instantes, que talvez eu não esteja tão fragilizada quanto penso. Ainda tenho folego para "ser" qualquer coisa de resiliente e decidida.

Ah, falando de decisões, é preciso lembrar de não esquecer algo fundamental: dia 16 começa mais uma edição do Bookcrossing Blogueiro. Novamente um grupo de pessoas estará espalhando literatura por alguma esquina, curva, banco de praça, ônibus ou derivados. Se passou aqui, leu esse desabafo, mas não conhece a ideia, clica na imagem e confere como funciona. Você corre o risco de gostar!

sexta-feira, 21 de março de 2014

O Negro Bonifácio, a Cláudia e o César Passarinho.

A história do "Negro Bonifácio" é contada no livro "Contos Gauchescos e Lendas do Sul" escrito pelo Simões Lopes Neto. Nele se conta como um homem negro livre chamado "Bonifácio" se meteu, ou foi metido, em uma confusão danada com alguns rapazes da alta sociedade gaúcha por causa de uma moça. 

Segundo contou Simões Lopes Neto, depois de uma briga danada, o Bonifácio, em clara situação de desvantagem, não resiste e morre. Depois da morte dele se descobre que tudo isso se deu porque a Tudinha (moça branca e rica) se engraçou dele, viveu um romance com o rapaz, mas ele depois dos chamegos não a quis mais. A parte os méritos do conto e tudo e tal, o conto é marcado por certo racismo e  figura do Bonifácio é pra lá de massacrada. O negro é descrito como "um perdidaço pela cachaça", "pachola", "beiçudo", "ginetaço" e no final o narrador insatisfeito ainda questiona: "Até hoje me intriga isto: como uma morena, tão linda, entregou-se a um negro tão feio?... Seria de medo, por ele ser mau?... ".

Até ai tudo bem, mas lá pela década de 1980, uns certos senhores gaúchos, uns tais de Luiz Bastos, Antônio Augusto Ferreira e Mauro Ferreira, não sei por quais caminhos escusos, tiveram um encontro com o conto do "Negro Bonifácio" e desse encontro surgiu uma interpretação bastante original dessa história a qual eles transformaram em uma canção. Não por acaso o César Passarinho foi o interprete que eternizou essa história.



Eu sou absolutamente apaixonada pela interpretação que esses moços fizeram da canção, assim como sou apaixonada pela interpretação do Cesar Passarinho. Gosto da forma como eles lembram que na verdade a questão maior da história é que "Mataram o Bonifácio", não foi um acidente de percusso o que ocorreu no comercio de carreira, me entusiasmo quando eles lembram que mesmo em desvantagem "caiu o negro peleando³ para que a morte sotreta/ se espoje na carne preta, sem perguntar: até quando?/ Caiu o negro peleando.".

Bonifácio não era covarde, podia ser namorador, pouco dado a compromisso e na hora de dispensar uma mulher não pesava a fortuna dela... mas covarde e fujão não era. Ele até foi derrotado, mas o foi lutando e em nenhum momento deixou de ser protagonista de sua história... Os músicos reconhecem isso e endossam essa interpretação, valorizando a negritude.
"Em casos de valentia,
Há sempre um negro no flanco.
Bonifácio fosse branco
Nem história se teria." 
E não se furtam de completar a história contada na música denunciando os problemas raciais do Brasil no final do século XX:
"Bonifácio teus direitos permanecem obscuros
Enredados nos impuros caminhos dos preconceitos."
Hoje, lá pelo twitter, encontrei sem querer um site chamado Olga lá continha um texto chamado "100 vezes Cláudia" no qual estão expostos diferentes trabalhos sobre a Cláudia da Silva Ferreira que também foi assassinada de uma forma desleal.... A galeria de imagens exposta no Olga é emocionante, me toca profundamente. Cláudia é como minhas vizinhas, minha mãe [que também ajudou a criar os sobrinhos e ajuda a criar os filhos das vizinhas que trabalham em casa de família], é como eu. Ela éuma pessoa "peleando contra a morte sotreta".

É tão doloroso perceber como uma música da década de 1980 que fala sobre acontecimentos do fim do século XIX e inicio do século XX permanece atual no século XXI!!! Meu Deus, como os nossos direitos permanecem obscuros!!! Até respiro fundo para buscar coragem!!!

Enfim, o César Passarinho foi um cantor/interprete gaúcho extremamente louvado por suas interpretações emotivas. Ele ganhou diversos títulos e foi importante para a música tradicionalista gaúcha não deixar que a globalização roubasse qualquer coisa de fundamental daquele povo que vive abaixo dos Trópicos em um país conhecido por ser tropical.

Hoje, 21 de março, é a data do aniversário dele, ele faria 65 anos. Achei importante registrar isso de alguma forma. Acabei escrevendo demais, talvez bastasse um top 5 com as músicas dele que eu mais gosto.


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Pequeno vocabulário gauchesco:

Pachola: farsante, pedante. Pessoa duvidosa
Gínetaço: garboso
Peleando: lutando, brigando.
Sotreta: desprezível, tolo, covarde, vil, ruim, ordinário, velhaco, de pouco mérito.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

E a música afagou meu ego...


Um fato conhecido entre todas as pessoas com as quais tenho alguma afinidade é: não sou um ser musical. Já transcendi a vergonha de admitir isso. Sou ruim de ritmo, de ouvi e até de cantar com as crianças. Muito dificilmente alguém escolhe essa linguagem para me comunicar qualquer coisa em tempos bons ou de crise.

Alias, só para constar, a ultima vez que alguém tentou me comunicar algo através da música foi um completo fracasso. Eu juro por Deus que não sabia qual o verso que vem depois de "A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos." e o resultado é que mais de 10 anos depois eu ainda não sei se morro de ri ou choro quando escuto o Renato Russo cantando a belíssima "Tempo Perdido". Bem, não sei se compensa, mas hoje eu sei ela inteira.

Mas, por esses dias, eu estive conversando com um amigo sobre mil e uma coisas, ou melhor, eu estive desabafando mil e um problemas, como as vezes é bom fazer com os amigos ou com aquele amigo em especial. No final, quando chegou a hora boa dos amigos oferecerem de graça aquela mensagem motivadora, meu amigo trocou muitas palavras pela indicação de uma música da Pitty.

Confesso, a principio não curti muito a proposta, lembrei imediatamente do causo de "Tempo Perdido", e logo a Pitty?!?! Não tinha uma cantora gospel não?!?!? #Ingrata

Mas, não sempre e nem constantemente, mas apenas as vezes, é bom confiar nos amigos e a confiança , não sempre e nem constantemente, mas apenas as vezes, nos traz surpresas agradáveis. E, ao chegar em casa, quando corri para procurar a canção da roqueira baiana com fama de arretada, tive uma grata surpresa.

Não só não me arrependi, como agora me pego rememorando o fato e pensando, nessa madrugada insone na qual eu deveria está escrevendo sobre uma coisa completamente diferente, realmente "não é minha culpa a projeção que as pessoas fazem de mim".

Enfim, aproveitando o embalo vou baixar essa música, copiar em meu celular e guardar para escutar no volume máximo especialmente naqueles momentos da vida nos quais eu estiver para mais para baixo, pois, tenho certeza, essa música sempre vai afagar o meu ego.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Fique em pé quando você estiver no chão

"Fique em pé quando você estiver no chão" é o nome de uma música, para ser exata a música chama-se "Steh auf, wenn du auf Boden bist", faz parte do álbum "Auswärtsspiel"  publicado/lançado em 2002 pela banda alemã Die Toten Hosen. Foi a Ana Seerig que me apresentou essa canção, a banda e todos os derivativos.

Ou melhor, em março quando eu estava simplesmente acabada, meio morta e quase entrando em estado de decomposição ela fez a tradução da canção do alemão para o português e me enviou por e-mail com os seguintes votos: "... pensei mesmo que ela poderia te trazer algum bem, como às vezes as músicas fazem, quando nos dão ânimo ou mesmo desabafam por nós.".

Enfim, quando liguei meu computador para conferir as coisas antes de ir ao trabalho vi que a Ana legendou o vídeo da música e disponibilizou no YouTube. Sinceramente, acordar com essa música na cabeça é uma dádiva, mostra que música realmente tem algo de divino. Então, eu compartilho ela com todos os meus companheiros de virtualidade com os desejos de que consigamos "ficar em pé quando estivermos no chão", "nos controlar quando estivermos sozinhos" e "quanto uma tempestade nos deixar de joelhos" Deus nos de força para que simplesmente possamos "virar o rosto para onde sopra o vento".


Bom Dia a todos e todas!!!


Fique em pé quando você estiver no chão
Steh auf, wenn du am Boden bist – Die Toten Hosen

Quando você estiver consigo mesmo no final
E simplesmentente não querer nada mais
Porque você apenas se pergunta
Porquê e para quê e o quê deve viver

Controle-se, também quando você está sozinho
Controle-se, não jogue agora tudo pro alto
Controle-se, e qualquer dia você entenderá,
Que isso de vez em quando acontece.

E quando uma tempestade te deixa de joelhos,
Apenas vire o rosto para onde sopra o vento
Não importa se nuvens negras estão sobre você
Em algum momento elas passarão

Fique em pé quando você estiver no chão
Fique em pé quando você estiver caído
Fique em pé, de algum modo isso já vai passar 

É difícil não se perder no seu caminho
E pelas regras e leis daqui
Sem traição uma vida se direciona
O homem ainda se respeita

Se os indícios estão todos contra você
E ninguém quer apostar em você
Você não precisa provar nada
A menos que seja pra você mesmo
Sem pânico, não será tão ruim assim
Não mais do que arrancarem sua cabeça 
Venha e veja o que acontece

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Noite de São João...

Desde maio eu voltei a trabalhar na creche e passei a prestar serviço para a prefeitura de Recife como professora de uma escola municipal na qual leciono História, História do Recife e Ensino Religioso. Em síntese: tenho tido dias longos, loucos, meio improváveis, as vezes sinto um dia se tornar uma vida inteira...

Hoje comecei a vida com crianças de três anos, livros infantis, massa de modelar, papas, melancias, banhos, colchões, lençóis, almoço - "Se não comer não ganha suco!" -, higiene bucal, sono, para eles e elas, para mim não...

Depois que eles e elas dormiram eu corri para cima de moto rumo ao mundo do sexto ano com a pré-história e pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capivara; das demandas dos adolescentes agitados, indisciplinados, agressivos, carentes de tudo do sétimo ano e da arte de tentar equilibrar todos os conflitos para falar da Idade Média antes que o sinal toque para o intervalo; e dos dois nonos anos onde todos os habitantes da América Pré-colombiana parecem olhar para mim esperando com a paciência única dos mortos para ver como faço para resolver o alvoroço dos alunos, a forma como a sala está de cabeça para baixo e ainda assim encontrar tempo para falar sobre eles.

Não, um dia não é uma vida, o dia é mil vidas. A minha, a dos alunos e a de todos os mortos que precisam ser invocados nas aulas de história!

Enfim, depois de tudo, quando finalmente comecei a trilhar o caminho que me traz de volta para casa eu encontrei com várias fogueiras acesas. Amanhã é dia de São Pedro e aqui, nos bairros de subúrbio do Recife, essa tradição persiste. A frente de uma casa a folgueira já estava com o fogo alto dançando no ritmo do vento de cidade litorânea, em outra uma criança soltava bombinhas, mais a frente havia pessoas bebendo algo alcoílico e comendo comida de milho... e tantas outras cenas...


Me ocorreu que acontecia algo como uma "noite de S. João para além do muro do meu quintal" e "do lado de cá" estava "eu sem noite de S. João" contando apenas "com uma sombra de luz de fogueiras na noite, um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos e um grito casual de quem não sabe que eu existo".

Ando meio melancólica por esses dias, tentei omitir isso desse espaço, afinal um diário/blog é feito de memória e esquecimento e sempre se pode esquecer de momentos tristes... Mas, em perspectiva eu sinto que vou gostar de lembrar dessa noite melancólica noite de São Pedro e da poesia de Fernando Pessoa que o Vitor Ramil musicou tão lindamente. Deixo aqui o registro do momento, do poema e da música.


Noite de S. João

Noite de S. João para além do muro do meu quintal. 
Do lado de cá, eu sem noite de S. João. 
Porque há S. João onde o festejam. 
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite, 
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos. 
E um grito casual de quem não sabe que eu existo. 

Alberto Caeiro, In: "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A música da novela que traduziu o meu momento...

Talvez por minha mãe não ser fã de novelas ou por instinto mesmo eu não me tornei uma pessoa noveleira de verdade. Apenas com a aposentadoria de painho e a descoberta de seu gosto por novelas me tornei uma pessoa que vez em sempre acompanha, ainda que de forma indisciplinada, um ou mais de um folhetim sem nenhum motivo especial.

Então hoje quando cheguei do trabalho liguei a televisão em busca de alguma novela para ver... E enquanto lia as redações feitas pelos alunos de uma escola da prefeitura para a qual ando prestando serviço ouvindo o som das vozes dos autores e levantando a cabeça vez ou outra de repente fui atingida pela voz do  Ney Matogrosso cantando algo que tinha vivido: "Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo eu acordei com medo e procurei no escuro..."

Nem sei o que escrever sobre a música... ela descreve bem meu momento... O Ney Matogrosso cantando parece compreender tão bem o sentimento... e enquanto eu o ouvia sentia como se alguém me dissesse coisas do tipo:

"Você não está sozinha!
Você não é a primeira pessoa que se sentiu assim!
Você não é a última pessoa que vai se sentir assim!
As luzes estão incrustadas em todo o túnel olhe bem em seu entorno!"

Quando terminei de ouvir a cação corri para a net, procurei por ela, ouvi mil vezes, não fiquei satisfeita e precisei escrever esse post para guardar a música em minha própria caixa de pertences compartilhados...

Engraçado, já tinha publicado o post, mas em meio a pesquisas descobri (nesse link) que a música foi escrita em 1974 por ninguém menos que o Cazuza. Reza a lenda que ele tinha 16 anos, fez o poema para a avó e quando ela morreu, anos depois dele, a família deu o para o Ney Matogrosso; o trabalho de musicalização do texto foi feito pelo Frejat.

É engraçado como eu não tenho praticamente nada em comum com o Cazuza, mas vivo sofrendo de empatia com a arte dele...

Poema
Cazuza

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim,
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

segunda-feira, 4 de março de 2013

Músicas para a segunda...

Não, esse não é um post tipo "como a segunda é promissora!". Esse não é um blog focado em alto-ajuda, quem me conhece sabe que eu e a segunda-feira não temos uma tradição de amizade, amor e respeito, seria muita falta de franqueza pousar de otimista... Ainda mais agora quando me encontro atormentada por minha coluna e por meu ombro esquerdo eternamente danificado.



É sério a segunda não gosta de mim!
Tudo bem, eu também não gosto dela e a reciproca é verdadeira!

 

É aquela coisa, eu já começo a segundo pedindo graça a Deus, porque se ele me der força eu mato um! 


Mato quando eu chegar na parada de ônibus e a quitadeira me avisar que o ônibus continua não descendo e eu vou ter que subir no sol quente! 



Mato quando eu chegar na integração e encontrar aquela habitual desordem, os poucos ônibus para os muitos passageiros e a necessidade de ser selvagem!


Mas sinceramente, não importa muito o motivo o mal humor é latente na segunda e parece que ele atrai... #TristeIsso

Mas... recentemente a Dona Ana Seerig me apresentou duas canções que conseguem amenizar o meu mal humor de segunda e hoje, faço feito o Garfield faz com o ursinho e só para não partir de mal humor começo o dia ouvindo-as!



1º) Datemi Un Martello da fofissima Rita Pavone, que está preciosamente inspiradora nesse vídeo cantando toda serelepe uma música um tanto quanto psicopata, mas bem adequada para meu mau humor. Aaah se eu arrumo um martelo e a oportunidade de dar umas marteladas na cabeça de alguns vereadores donos de empresas de ônibus que se reúnem no silêncio da noite para aumentar o preço da passagem sem melhorar a qualidade do transporte urbano!!!!


2º) A lirica canção de titulo nada sugestivo "Eu só quero acabar com você" do grupo Validuaté. Ela é também meio psicopata, mas quem nunca nem por um minuto teve uma vontadezinha de desejar a alguém  como o prefeito mentiroso, o dono da empresa de transporte público, os prefeitos hipócritas que não cuidam dos problemas de urbanidade da cidade e a algumas pessoas mais que:

"...Tomara que sempre chova em todas as tuas festas.
Tomara que tu tropeces em todas as pedras.
Tomara que tu sempre enfrentes filas enormes.
E mesmo morrendo eu não quero mais que tu retornes...."



Enfim, na segunda eu me permito não jogar o jogo do contente...
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A parte o meu mau humor segundistico (essa palavra existe?) registro aqui uma coisa boa que aconteceu no fim de semana e me alegrou por demais... A Sheilinha querida do meu coração lá do blog "Cozinha de Mulher" fez um post com um prato nordestino e dedicou a minha pessoa.


Quem quiser conferir uma culinária nordestina tipica de Pernambuco, sinta-se convidado, todo mundo tende a ser recebido bem nessa cozinha!!!



Obrigada Sheila pela lembrança!!!




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Quando meus ouvidos se abriram...

Eu já disse muitas vezes que não sou uma das pessoas mais musicalizadas do mundo... É uma vergonha, eu sei, mas no meu mundo interno existe um silêncio no qual poucas músicas conseguem entrar, o que não significa que o externo não seja barulhento.

Eu vivo cercada de sons, a vizinha da frente escuta Calipso no volume mais alto, a de baixo adora um forro estilizado no melhor estilo Gatinha Manhosa, a de cima é evangélica e parece em guerra com a de baixo então escuta os hinos apocalípticos no maior volume enquanto meu primo escuta uns raps sem ouvir bem o que as letras dizem...

Na minha casa as pessoas também tem suas músicas... Júnior escuta dos Racionais e suas letras tipo "Preferencialmente preto, pobre, prostituta pra policia prender... para e pense por que..." a Benito de Paulo cantando "Eu sou como uma borboleta... Tudo o que eu penso é liberdade. Não quero ser maltradado...(não é tão mal, mas... nem sempre estou afim de ouvir). Rafaela ouve de uma cantora anunciando que "um terremoto vai acontecer aqui" a Emily desafiando minha sanidade com seu "I'm going under/ Drowning in you/ I'm falling forever/ I've got to break through/ I'm going under". Minha mãe ama apenas os hinos e meu pai... Aaaah... É uma longa história barulhenta com Roberto Carlos, Luiz Gonzaga, Raul Seixas, Clara Nunes e tantos outros aos pedaços, nunca um CD inteiro de uma vez.... variando de um ritmo a outro... em altíssimo tom, talvez o maior incomodo seja o altíssimo som e não as músicas em si.

É uma bagunça sonora que piora quando a gente desce a escadaria e ganha as ruas... os ônibus... as lojas... as curvas... os becos... as vielas... tudo no mundo é tão barulhento, quente e se misturam tanto tantas coisas! Parece que não há espaço para mais nada e nem para mim, como diz Claudineia, só me resta desligar o botão "realidade" e fazer meu caminho em piloto automático e me entregar a meus silêncios...

MAS, as vezes, não sempre nem constantemente, algo parece pressionar meu silêncio. Um som ultrapassa as barreiras da minha irrealidade, faz curvas e sussurra dentro de meu campo auditivo mais alto que qualquer grito... e então eu escuto... meus ouvidos se abrem!

Foi assim que eu escutei lá longe ou aqui perto alguém cantando "Não quero ver você triste assim, não... que a minha música possa te levar amor..." E eu estava tão triste e talvez ainda esteja, me sentindo tão mal amada, tão sem azul, tão solitária no meio de tanto barulho que meus ouvidos surdos se abriram e deram passagem a canção... um rap que me devolveu o azul e me deixou com uma reflexão digna de milhares de notas.

Quando cheguei em casa procurei pela música... pelo autor... e tudo o mais... Acho que estou apaixonada pelo Criolo e na sequencia compartilho o que talvez seja minha mais nova paixão musical.

E sim, quer o mundo acabe ou não no próximo dia 21, é sempre bom lembrar: "As pessoas não são más, elas só estão perdidas... Ainda há tempo..."

Criolo

"Cê quer saber, então vou te falar
Porque as pessoas sadias adoecem
Bem alimentadas ou não, porque perecem?
Tudo está guardado na mente
O que você quer nem sempre condiz com o que o outro sente
Eu tô falando é de atenção
Que dá cola ao coração e faz marmanjo chorar
Se faltar um simples sorriso
Ou às vezes um olhar
E que se vem da pessoa errada não conta
A amizade é importante Mas o amor escancara tanto
E o que te faz feliz também provoca a dor
A cadência do surdo no coro que se forjou
E aliás, cá pra nós, até o mais desandado
Dá um tempo na função quando percebe que é amado
E as pessoas se olham e não se falam
Se esbarram na rua e se maltratam
Usam a desculpa de que nem Cristo agradou
Falô, você vai querer mesmo se comparar com o Senhor?

As pessoas não são más, mano, elas só estão perdidas. Ainda há tempo.

Não quero ver você triste assim, não
Que a minha música possa te levar amor"

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Diferenças que deviam separar, no entanto...

Penso  que nesse pequeno globo azul girante que chamamos de Terra, mesmo que  ele seja majoritariamente coberto por água, existe coisas tão diferentes, mais tão diferentes que o concilio muitas vezes parece impossível. Parece, parece mesmo, mas não é.

Eu lembro quando a Ana me mostrou pela primeira vez uma canção cantada pelo Cesar Passarinho, foi bem após ela ter me enviado um caderno e um CD de músicas instrumentais. Eu tinha me apaixonado pela canção clássica "Milonga para as missões" tocada pelo Renato Borghetti e ela me mostrou um vídeo no qual ele novinho acompanhava o Passarinho cantando GuriFoi amor a primeira  nota, porque nesse vídeo antigo eu não consegui ver nada muito bem rsrs...

O Renato foi totalmente eclipsado pela interpretação gloriosa do Passarinho que me levou as lágrimas, sou uma molenga emotiva. O fato do homem cantar em legitimo gauchês canções que representam uma cultura tradicionalista totalmente diferente da minha (sou recifense suburbana de raiz) não me separou do Passarinho porque o jeito emotivo dele se uniu ao meu. E a diferença eu resolvi pesquisando, ouvindo e ouvindo novamente, tentando entender mais e melhor o mundo no qual ele viveu, amou e até creu, para poder compreender mais e melhor sua forma unica de dar vida as letras e canções feitas para ele por outros homens igualmente geniais.

A medida que conheço esse homem passo a gostar mais dele e a culminância da paixão me fez encomendar um caderno com a imagem do meu nego querido e letras das cações cantadas com tanta emoção por ele e a Ana fez para minha pessoa esse caderno. Aliás, a Ana sempre tem me ajudado a conhecer mais e melhor a cultura gaúcha, foi ela quem me presenteou a um tempo atrás, e de uma forma irritantemente linda, com um volume de "Contos Gauchescos e Lendas do Sul" do Simões Lopes Neto.

O "Contos Gauchescos" é uma coleção de histórias contadas (talvez até vividas) pelos gaúchos do fim do século XIX e inicio do século XX. É um livro lindo, merece um post só para ele, mas devido a linguagem do livro, para mim ele tem sido de leitura complexa. Estou cem anos separada do mundo do Simões Lopes, pertencemos a partes muito diferentes do Brasil, vivemos e ouvimos vidas muito diferentes, temos trajetórias de vida difíceis de conciliar.

E no entanto... eu me pego ouvindo/lendo o Simões passar parágrafos e parágrafos descrevendo as mudanças de tons do céu ao entardecer, a beleza das Três Marias e observar esses detalhes é coisa tão tipica de mim que com todas as experiencias que nos separam finalmente me vi unida a esse homem distante no tempo no prazer de apreciar e descrever o esplendor do céu em fim de tarde e a grandeza das constelações noturnas.

As diferenças que nos separam de repente tornam-se insignificantes frente ao que nos une... E a vida flui em torno de quebra de preconceitos e estereótipos fraquinhos e fortes.

E essas reflexões surgiram a parti de um post feito pela Ana hoje de manhã. Essa nega contou lá no Gurias Arretadas de como ela se viu lendo um cordel gaúcho e eu achei tão bonito ver essa literatura (que não foi criada no nordeste, mas da qual o povo do nordeste do Brasil se apropriou, mexeu, remexeu, transformou e fez sua, fez nossa) contando uma história do sul que não resistir a esse registro.

Achei linda essa experiencia da Ana transformada em post e escrevi outro post só para dizer que acho fantástico quando diferentes se aproximam, quando tudo o que devia se separar se une, quando as pessoas se esforçam para entender as histórias dos outros e construir a partir desse entendimento uma nova história.

Deixo o link para o post da Ana:


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Luiz Gonzaga, um grande de seu tempo.


O ano do Centenário de Luiz Gonzaga está gerando uma sequência de merecidíssimas homenagens, ao menos aqui no Recife. O sacal nessas situações são os chavões. Os dois que, como historiador, mais me irritam são "homem à frente de seu tempo" e "obra atemporal". Essas expressões tão repetidas partem da premissa absurda de que é possível escolher se você quer fazer parte do seu tempo ou não. Ou ao menos que os gênios têm esse poder.

Uma coisa é ouvir a inigualável música de Bach e se comover com sua beleza eterna. Outra coisa é você ignorar todos os sinais óbvios de que é uma obra indissociavelmente ligada à primeira metade do século XVIII, em especial das áreas protestantes da Alemanha.

O mesmo vale para Machado de Assis. Ler seus romances é excelente, mas tanto pelas convenções do romance realista como pela tematização obsessiva da crise da sociedade senhorial, são muito claramente obras do fim do século XIX brasileiro.

Essas obras não são "atemporais" e não estavam "à frente de seu tempo". Eram tão brilhantes e geniais que, a despeito de todo os seus aspectos datados, continuam tendo muita coisa a dizer para pessoas que vivem em contextos espaciais e temporais muitíssimos diferentes, o que é totalmente diferente.

Luiz Gonzaga era totalmente filho de seu tempo. Foi para o Rio como tantos jovens da época, tentando ser cantor romântico. Não conseguiu, mas percebeu que poderia tentar se destacar no nicho regionalista. A aposta foi certeira. Era o tempo em que a cultura de massas se segmentava, abrindo espaço para manifestações mais particularistas. E também era o tempo em que se cristalizava uma identidade "nordestina", separada de uma identidade "nortista" mais geral.

Ele foi filho desse contexto. Consolidou de forma irresistível o padrão sonoro e visual do que seria a identidade nordestina. Apresentou esse conceito de "nordeste" a milhões de pessoas que não o conheciam, de uma maneira genérica o bastante para ser aceito sem muitas ressalvas por nordestinos e forasteiros. Associou eternamente seu nome a essa identidade. Tudo isso enquanto cantava músicas absolutamente sensacionais.

Luiz Gonzaga não é atemporal nem estava à frente de seu tempo. Foi totalmente um filho de seu tempo. Um dos mais brilhantes. Ajudou a moldar sua época e deixou uma herança que, tantos anos depois, ainda orgulha profundamente a sua gente. Não tá bom?

terça-feira, 31 de julho de 2012

Eu e o Gonzaga


Quando a Jaci começou a falar do Luiz Gonzaga lá no twitter eu me lembrei de imediato da minha infância, já que minha família é nordestina, sendo assim meu pai gostava, minha mãe adora e meu noivo ama o Rei do Baião!

Quando costumávamos ir à praia meu pai gostava de colocar músicas sertanejas no carro e eu as detestava. A única opção era pedir para colocar alguma do Luiz Gonzaga e assim eu ia feliz me encontrar com os pernilongos e com o sol de rachar!

No entanto, não era só nas minhas idas á praia que Luiz Gonzaga entrava na minha vida, toda festa de fim de ano eu me encontrava com ele novamente, pois antes desse forró moderno ocupar o som dos meus familiares, Luiz Gonzaga nos presenteava com sua música. Por isso, quando me perguntam se eu sei dançar forró eu digo: depende, é Luiz Gonzaga?

Dessa forma, o Rei do Baião sempre fez parte da minha vida e foi com grande alegria que eu descobri que o meu noivo também adorava o Luiz Gonzaga. Isso porque eu devo dizer que esse é o único ponto em comum que nós temos no quesito musical. E assim como noivo, eu gosto dos sucessos mais antigos: “A feira de Caruaru”, “Asa Branca”, “ABC do Sertão”, “Amor da minha vida”, “Assum-preto”, “Baião”, “De Fiá Pavi” (uma das preferidas do noivo), “Forró de Mané Vito”, entre outras.


No entanto, a minha preferida é “Riacho do Navio” e as pernas não ficam quietas quando escuto “Vem Morena” e “O Xote das meninas”.


Luiz Gonzaga, assim como Dominguinhos, marcou a minha infância e agora que o meu pai faleceu é inevitável ouvi-lo e não me lembrar dele.


Michele Lima
Notas de Rodapé
Um pouco de shoujo
____________
P.S.: Como bem lembrou a Ana, o noivo da Mi, agora é Marido, ela escreveu esse texto antes do casamento.

Enfim, como a Ana é cruel na forma como lembra das coisas rssrsrs #MeninaVelhaMáSanguinolenta

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fora de tempo...



Uma vez um amigo meu ao saber que eu tinha um blog me deu uma receita para bombar na blogosfera, ele me disse que o bom era sempre falar no assunto do momento na hora que ocorria. No dia que ele disse isso eu soube exatamente o que eu estaria sempre evitando de falar no blog, não digo que não seda a tentação de falar sobre os assuntos que viram noticia da noite para o dia, mas evito sim isso, até porque isso é um blog e não um jornal ora...

Mas, apesar dessa determinação não posso ignorar que esse ano é o ano do centenário de Luiz Gonzaga e me deu vontade de falar sobre os fios que me unem ao Velho Lua, filho de Januário. Uma vontade nada original visto que até escola de samba falou dele esse ano e ele também foi o tema do São João de Pernambuco sendo por isso abordado por várias Quadrilhas Juninas.

Eu, como boa nordestina, também tenho tenho minhas histórias, preferencias e tudo o mais com o velho Lua, ele é quase uma unanimidade. Eu nunca vi ninguém dizer que odeia Luiz Gonzaga, mesmo entre meus colegas de Escola Bíblica Dominical encontrei fãs dele, um dos meus amigos até biografia tinha. Então, depois de considerar isso, de repente me deu vontade de contar/registrar um pouco disso nesse blog.

O plano era fazer algumas postagens sobre elem então acabei convidando a Michele Lima, uma das pessoas mais orgulhosas de sua origem nordestina que conheço, para falar sobre Luiz Gonzaga e pedi ao Tiago do 171nalata para me emprestar a postagem que ele fez a "500 anos" sobre o Velho Lua e resolvi dedicar essa semana a Luiz Gonzaga meio fora de tempo mesmo.

Espero que haja quem curta essa homenagem meio fora de tempo. Eu curti ler os textos da Michele e do Tiago assim como curto escrever o meu.