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sábado, 10 de fevereiro de 2024

"Laços de Família" de Clarice Lispector

Janeiro foi um mês muito longo mesmo. Senti como se tivesse vivido um ano dentro de um mês, muita coisa aconteceu e tenho vontade de escrever sobre elas. Algumas escrevi a mão em meus cadernos e cabe transcrever, outras ficaram no mundo das ideias. Quero escrever aqui, mas não dou certeza. Certo mesmo é que quando o feriado de Carnaval aflorou no horizonte larguei minhas coisas em casa e vim para a casa dos meus pais com um livro de Clarice Lispector na bolsa e a escolha não foi aleatória, pensei mesmo no fato de um livro intitulado "Laços de Família" combinar muito bem com a decisão de passar esses dias com os meus e as minhas.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

"O Minotauro" de Monteiro Lobato


Comecei a ler Monteiro Lobato com nove anos, quando minha vizinha ganhou edições de "Caçadas de Pedrinho" e "O Saci" do patrão dela e me emprestou. Naquela época achei uma leitura muito divertida, gostei muito de acompanhar as aventuras de Pedrinho mata adentro, quis ser Pedrinho, procurava um Saci dentro de todos os pequenos redemoinhos formados por folhas de árvores da vida. Quando encontrei na 5ª Série, atual 6º Ano, um vol. de "Os 12 Trabalhos de Hércules" na biblioteca da escola e fui lá ler novamente.

sábado, 12 de agosto de 2023

Outubro: História da Revolução Russa de China Miéville [40 Livros Antes dos 40/08]

Existem muitas resenhas de "Outubro: História da Revolução Russa" do China Miéville afirmando ser esse um livro de fácil leitura com uma prosa que flui. Particularmente não achei o livro de fácil leitura, demorei horrores para ler, recomecei do zero algumas vezes e, por fim, determinada a concluir a leitura fui lendo no melhor estilo "um pouquinho todo dia, todo dia um pouquinho".

quinta-feira, 23 de março de 2023

"Casas Vazias" de Brenda Navarro & "A Via Crucis do Corpo" de Clarice Lispector

Não sei através de quais fios "Casas Vazias" de Brenda Navarro e "A Via Crucis do Corpo" da Clarice Lispector se conectam, nem mesmo sei se é possível os conectar de alguma forma, mas li ambos os livros em sequencia, quase sem querer e sem pausa, impulsionada pela narrativa envolvente das duas autoras e, ao fim da leitura, botei na cabeça, sem motivo que iria escrever sobre os dois livros em um único texto.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

"A Bolsa Amarela" de Lygia Bojunga


Talvez por estar de férias, talvez por ser o início de um novo ciclo, em Janeiro é muito fácil me pegar lendo livros esquecidos na pilha dos "não lidos". Geralmente esse é o mês no qual dou atenção aquela edição que sempre quero ler, ou comecei a ler e não dei continuidade por um motivo ou outro, e nessa os anos vão passando. "A Bolsa Amarela" da Lygia Bojunga é um desses livros há muito colocados na pilha. Comecei a lê-lo na época de escola, cerca de 20 anos atrás, li até a metade, achei divertido, mas não concluí a leitura. Quando o vi na biblioteca da escola na qual trabalho, peguei emprestado e agora, finalmente, recomecei a leitura e termine MUITO satisfeita.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Kindred: Laços de Sangue de Octavia E. Butler [40 Livros Antes dos 40/07]


"Octavia E. Butler é uma autora SENSACIONAL!": essa é a primeira coisa que a gente constata quando termina a primeira página de qualquer livro dela. Mestra da narrativa, envolvente, conscienciosa, fluída, sagaz, forjadora de histórias nas quais várias camadas de sentido dialogam, saltam aos olhos, entrelaçam-se e nos emocionam em um texto leve e dinâmico. "Kindred: laços de sangue" foi minha segunda experiência com a Octavia e sinto-me absurdada com a capacidade dela de escrever histórias pesadas em uma escrita leve e de fácil leitura. Fantástica! Uma autora absolutamente dona de sua narrativa, lúcida, audaz, visionária.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

"Longe como o meu querer" de Marina Colasanti

 

Leio a Marina Colasanti desde muito cedo. Li "Entre a Espada e a Rosa" pela primeira vez na 5ª série do Ensino Fundamental (hoje 6º Ano) e fiquei encantada pela escrita lírica com a qual a autora evoca os contos de fadas em narrativas que ocorrem em uma dimensão onírica, mágica, melancólica onde os eventos ocorrem em um tempo fora do tempo onde tudo é possível e milagres estão sempre ocorrendo. Uma vez adulta, possuidora de um trabalho remunerado, passei a colecionar os livros da Marina e foi assim que "Longe do Meu Querer" chegou as minhas mãos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

"As relações Perigosas" de Chordelos de Laclos

Por esses dias estive folheando meu volume de "Caro Michele" da Natalia Ginzburg, livro no qual a narrativa foi estruturada oscilando entre a terceira pessoa e várias cartas com as quais os personagens se comunicam entre si. Sou absolutamente apaixonada pela família do Michele, apesar dele ser um personagem meio sumido, pelo próprio Michele e pela intimidade promovida por um livro cuja história se conta através da correspondência dos personagens. Dentro do sentimento de prazer de ler um romance epistolar, "As Relações Perigosas" de Choderlos de Laclos pulou em minha mão e saiu da pilha dos livros a serem lidos.

terça-feira, 5 de julho de 2022

"Dora Fantasmagórica" de Abby Hanlon

 

A Dora também é conhecida como Espoleta, ela é a irmã mais nova de uma família composta por Pai, Mãe e três filhos, sendo duas meninas e um menino, ela é a menina mais nova. Encontrei a Dora dentro de um dia chuvoso, estava com vontade de ler, mas não queria ler nada  pesado. Buscava algo leve, lúdico como literatura infantil e a encontrei no meio dos e-books do Kindle. Uma criança muito esperta, tem uma mente dinâmica e cheia de cheia de imaginação, quando ela se vê sozinha, não se faz de rogada e inventa mil e um amigos monstros com os quais interage e vive várias histórias.

domingo, 29 de maio de 2022

"O Céu da Meia-Noite" de Lily Brooks-Dalton


Fazia muito tempo desde que eu tinha pego um livro de ficção científica para ler, então olhando minha coleção de livros da Tag Curadoria vi "O Céu da Meia-Noite" da Lily Brooks-Dalton e senti o chamado da aventura.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

"A vegetariana" de Han Kang

A narrativa da Han Kang é espetacular.
Não tem outra forma de começar qualquer texto sobre o livro "A Vegetariana" da coreana Han Kang senão afirmando categoricamente: "A narrativa da Han Kang é espetacular". Esse é um livro onde forma e conteúdo são equilibrados primorosamente. É um livro tanto capaz de envolver a pessoa leitora de forma lúdica quanto mostrar a forma atroz com a qual o machismo sobrecarrega as mulheres física e emocionalmente conduzindo-as a um estado cotidiano de nulidade de sua vontade, a própria morte em vida.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Sempre Vivemos no Castelo de Shirley Jackson [40 Livros Antes dos 4O/06]


A Shirley Jackson é uma autora com uma narrativa sensacional recheada com um senso de humor macabro maravilhoso. Esse é um livro no qual o medo e tensão são construídos dentro de uma narrativa em primeira pessoa conduzida por uma personagem emocionalmente praticamente inabalável. A narradora, Marricat Jackson, é uma pessoa que trabalha seus sentimentos e os descreve de um jeito absurdamente frio, ela faz as piores coisas e as descreve com muita frieza, ela vive coisas terríveis, se desorganiza e organiza novamente tudo em narrativa sem muita vacilação, assustadoramente fleumática. Sinceramente? AMEI! Esse livro é aterrorizante, divertido, deixa a pessoa leitora em estado de absurdamento. É genial!

sábado, 19 de fevereiro de 2022

O Morro dos Ventos Uivantes de Emily Brontë [40 Livros Antes dos 40/4]

Li "O Morro dos Ventos Uivantes" no final de 2021, passei pela estante, avistei ele e me perguntei: "Quantas vezes vou precisar ler esse livro para decidi se gosto ou não dele?". Quanto mais as leituras se somam umas as outras mais me absurda a genialidade feroz da Emily Brontë e sua capacidade de descrever a perfeição a crueldade, intensidade, passionalidade e imprevisibilidade das pessoas moldadas por relações abusivas, desconhecem outra forma de sociabilidade e em grande medida rejeitam e desprezam qualquer coisa longe disso.

Mesmo agora não consigo definir com clareza meus sentimentos em relação a Catherine & Heathcliff. Dentro do meu coração "O Morro dos Ventos Uivantes" permanece sendo um conto de terror mais sombrio, oposto simétrico do conto de amor mais luminoso contido em "Orgulho e Preceito". Assim como Jane Austen, Emily Brontë é seminal em minha trajetória de leitora, parte do Yin Yang de minha personalidade construída em torno de aproximações de opostos.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

"No útero não existe gravidade" de Dia Nobre


"No útero não existe gravidade" interpolou minha lista de livros a serem lidos. Em um momento nem sabia da existência dele, no outro estava agarrada com ele madrugada a dentro mergulhando na narrativa abrasiva da Dia Nobre, graças a uma amiga com olhos de lince para livros divergentes.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

"Bestiário" de Julio Cortázar

 

"Bestiário" foi meu primeiro encontro com a escrita de Julio Cortázar e me encontro bastante impactada. O livro trata-se de uma coletânea de oito contos é de leitura fácil e prazerosa, demorei uma semana lendo por ter optado por ler um conto por dia, mas basta uma tarde preguiçosa ou uma noite livre para da conta da leitura desse livro absurdamente gostoso.

Para mim um bom conto não precisa ser curto ou longo, um bom conto precisa saber fisgar a atenção nas primeiras linhas criando uma atmosfera de tensão que nos faça avançar rapidamente para o último paragrafo, pois o conto é um texto para ser lido em um folego só. Então, dentro dos meus parâmetros, todos os contos de "Bestiário" são perfeitos, carregados não só da tensão primordial como de mistério e com altas doses de fantasia ou o famoso "realismo fantástico" associado aos autores e autoras da América Latina.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O Velho e o Mar de Ernest Hemingway

 

Sou uma pessoa leitora bastante colecionista, gosto de ler e de ter o objeto livro. Não só compro muitos livros como ganho e, não raro, livros comprados ou recebidos de presente ficam anos na estante esperando para serem lidos. "O Velho e o Mar" do Ernest Hemingway é um desses livros que ganhei e ficou anos na estante esperando para ser lido. E não, dessa vez não foi a Ana Seerig a responsável por trazer o livro a minha vida, esse foi presente de Tia Helena em Julho de 2007, nessa época eu ainda morava em Recife, na casa dos meus pais em Nova Descoberta e cursava o 5º Período do curso de História na UFRPE.

terça-feira, 27 de julho de 2021

Debaixo Do Vulcão de Malcolm Lowry

"Quauhnahuac era como o tempo sob esse aspecto, para onde quer que alguém se voltasse o abismo estava à espera logo depois da esquina."

"Debaixo do Vulcão" do Malcolm Lowry foi um das melhores e mais difíceis leituras que fiz nos últimos tempos. É um livro com pouquíssimos personagens, apenas quatro: Cônsul britânico Geoffrey Firmin, o protagonista, seu meio irmão Hugh, seu amigo de infância M. Jacques Laruelle e sua esposa Ivonne. Toda ação acontece na cidade mexicana fictícia de Quauhnahuac no "Dia dos Mortos" de 1938 e o nome do livro se deve ao fato da cidade ser sombreada por dois vulcões, o Popocatepeth e o Iztaccihiath.

domingo, 13 de junho de 2021

"O Pássaro Secreto" de Marilia Arnaud


"O Pássaro Secreto" da Marilia Arnaud é um livro pesado. Ao longo da leitura pensei muito no quanto a adolescência pode, e com frequência é, uma época claustrofóbica da vida. Quando somos adolescentes pode existir um planeta com milhares de culturas e milhões de habitantes, mas se nossa experiência se reduz aos espaços da casa e da escola e nossas pessoas são apenas a família e os colegas de sala reunidos pela força do acaso e das condições da nossa classe social o mundo todo fica pequeno, o plural se torna singular, as nossas perspectivas não conseguem se esticar para se ampliar, a vida pode se tornar muito claustrofóbica.

domingo, 17 de maio de 2020

Estação Atocha, Super Junior e o Triunfo do Irreal.


"Esforcei-me para pensar nos meus poemas, ou em qualquer poema, como maquinas de fazer eventos acontecerem, de mudar os governos, a economia, ou apenas a sua linguagem, e o conjunto das suas funções sensoriais, mas não consegui imaginar isso nem me imaginar imaginando todas essas outras coisas sobre a poesia, quando imaginava - pressentimento terrível - um mundo privado até mesmo dos pretextos mais idiotas para escrever poemas que permanecessem fiéis às possibilidades virtuais do meio, privado dos rituais absurdos como aquele do eu tinha participado naquela noite, então eu intuía uma perde inestimável, uma perda não de obras de arte, mas da própria arte, e portanto infinita, o triunfo total do real, e me dei conta de que em um mundo assim eu engoliria uma cartela inteira de comprimidos brancos." (Ben Lerner, Estação Atocha, pg. 55).

Em "Estação Atocha" a proposta é acompanhar a vida de Adan, um estudante americano vivendo em Madri com o objetivo de escrever um longo poema como forma de concluir seu curso. Adan é um daqueles personagens absurdos com os quais a pessoa leitora vez ou outra cruza. Ele é um mentiroso endêmico, apático, fortemente compromissado em não se deixar encantar por nada, capaz de consumir drogas como se elas fossem confeitos e é absolutamente franco quando narra suas não-aventuras.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

"Caro Michele" de Natalia Ginzburg

"Desejo-lhe todo o bem possível e espero que você seja feliz, admitindo que a felicidade exista. Eu não acredito que exista, mas os outros acreditam, e ninguém disse que os outros não têm razão." (O Pelicano In: "Caro Michele" de Natalia Ginzburg, pág. 114).
Em "Caro Michele" encontramos um romance quase epistolar, ele começa com a mulher chamada Adriana escrevendo uma longuíssima carta para seu filho Michele. O rapaz acabou de sair meio fugido da Itália deixando para trás sua mãe, seu pai moribundo, seu melhor amigo (Osvaldo), duas irmãs (Angelica, Viola e "As Gêmeas"), enquanto ele foge essas pessoas escrevem cartas e é essa correspondência o somada a breves descrições do que acontece antes ou depois das pessoas escreve-las que se faz o livro. Todas as cartas são de uma sinceramente tocante, de uma lucidez incrível, um exercício de expor feridas sem procurar achar culpados ou acusar inocentes, todos parecem fazer terapia através da escrita, especialmente Adriana.