domingo, 30 de julho de 2017

Mitologia Indígena: Formigueiro de Myrakãwéra


Um dos esforços da minha vida de leitora e educadora é aumentar meu acervo e arsenal de livros e histórias nas qual o protagonismo pertença aos povos indígenas e africanos. Isso ocorre não só por gosto pessoal, existe uma lei, a Lei 11.645, de 10 março de março de 2008, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de "História e Cultura Afro-brasileira e Indígena" nas escolas brasileiras e se munir desse tipo de conhecimento é um tipo de dever moral.



Precisamos garantir a nossas crianças o direito que elas possuem de conhecer essas narrativas e aos povos indígenas a preservação de sua memória ancestral de todas as formas possíveis. Dessa necessidade veio para em minhas mãos o livro "Formigueiro de Myrakãwéra" escrito por Yaguarê Yamã, ilustrado por Uziel Guaynê Oliveira e publicado pela Editora Biruta.


Em "Formigueiro de Myrakãwéra" conhecemos uma das narrativas mitológicas dos povos indígenas parintin, sateré-mawé, arapiun e maraguá, que habitavam as margens dos rios da atual Região Norte do Brasil. A principio Myrakãwéra era um lugar sagrado no qual as pessoas iam para fazer oferenda aos deuses e pedir proteção e prosperidade. No entanto, com a chegada de Wãkãtin, um pajé com inclinações para o mal cujas ações malévolas transformaram o lugar sagrado em um ambiente perigoso e maligno mesmo séculos apos a morte de Wãkãtin.


Através do texto de Yaguarê Yamã e das ilustrações de Uziel Guaynê acompanhamos como esse lugar amaldiçoado acaba tragando e destruindo a vida de rapazes corajosos e imprudente que em busca de aventura e glórias ignoram os conselhos dos mais velhos e tentam desbravar os segredos do lugar. Achei impressionante como as bravatas dos jovens se tornam esforços infrutíferos, como eles apenas se colocam em perigo se tornando alvo fácil de gingantes formigas carnívoras e de zumbis cujo único impulso é fazer o mal. Os jovens são bem orientados pelos mais velhos, no entanto se negam a ouvir a voz da sabedoria e pagam o alto preço dessa imprudência.


A história contada em "Formigueiro de Myrakâwéra" é uma legitima narrativa mitológica. Ela explica aspectos da realidade e contém o registro de pedaços da história do povo que a criou quando cita os deslocamentos pelos rios, faz menção a rituais, aborda a um pouco de como os povos escolhem lidar com a presença das pessoas brancas na floresta e mostra quão caro pode custar o ato de ignorar a voz dos mais velhos.

A edição da Editora Biruta é uma coisa linda, as ilustrações do Uziel são um show a parte dialogando lindamente com o texto de Yaguarê. Não tem preço ter acesso a essa narrativa contada em primeira mão por alguém que pertence ao povo maraguá e é comprometido com a preservação da memória e identidade de seu povo.

Se você quiser ver um pouco mais do livro, basta da uma olhadinha na página dele do site da Editora Biruta clicando AQUI. Ele também está a venda na Lojinha da Editora.

9 comentários:

  1. ah, eu me importo também em ampliar minha visão. agora estou lendo um livro da isabel allende onde o personagem vai ao chile no início da colonização. conheço muito pouco do chile. está sendo bem interessante. não é um livro sobre o chile. é uma ficção, mas acaba falando bastante sobre o país. não sei se já viu, mas o blog do programa espelho do lázaro ramos indica semanalmente produtos afro descendentes. principalmente livros. http://programaespelho.blogspot.com.br/ beijos, pedrita

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  2. aqui tem o livro kiriku http://programaespelho.blogspot.com.br/2017/07/dicadoespelho_61.html

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  3. mais um livro infantil q foi indicado no espelho http://programaespelho.blogspot.com.br/2017/07/dicadoespelho.html

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  4. Oi, Pandora!
    Menina, eu não sabia dessa lei. Chocada!
    Achei as ilustrações maravilhosas e é sempre bom conhecer um pouco dessa cultura que tanto influenciou a brasileira.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do Sorteio de Férias: cinco livros, um ganhador!
    Concorra ao livro Depois do Fim autografado

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  5. Olá, Pandora.
    Eu amava ler livros que falavam sobre essa mitologia indígena quando era criança. E imagino esse então que é escrito por um descendente. Acho que as crianças vão amar. Vou repassar a dica é claro para minhas amigas que tem filhos crianças. A edição parece estar muito bonita. E não sabia sobre essa lei.

    Prefácio

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  6. Oi Pandora! Eu não sabia sobre esta lei, mas independente disso, acho que este tipo de material deve estar nas salas de aula. A Biruta capricha nas publicações e mais uma vez trouxe algo que vale a pena indicar para a criançada. Bjos!!!

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  7. Olá, tudo bem? Adoro livros infantis, são sempre bem bonitos... Adorei a resenha e fiquei com vontade de ter este!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  8. Oi Pandora!
    Que livro mais lindo! E parabéns por incentivar a leitura de histórias indígenas nas escolas. Eu li vários livros sobre lendas indígenas quando era criança, mas tudo em casa. Meus pais compravam livros ilustrados, todos coloridos, como esse que você resenhou. Eu adorava!

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

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  9. Pandora é muito lindo esse livro!
    Um bom presente para o meu cunhado que é um indianista fanático.
    Acho que já conhece essa história da minha família, Tenho três sobrinhos que tem nomes indígenas - Turiassu, Raoni e Aruan - e se orgulham deles. Todos já visitaram a aldeia do Tocantis e passaram uma semana entre o povo indígena.
    Um livro que indico de olhos fechados e ainda mais sendo da Biruta.
    Beijinhos
    https://saletadeleitura.blogspot.com.br/

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