segunda-feira, 5 de julho de 2010

Chega de Bullyng


Enfim chegou o grande dia, o dia da postagem proposta pela Vanessa do Mãe é tudo igual. Uma postagem na qual venho pensando a algum tempo, ponderando o que vou ou não escrever a respeito desse tema tão polêmico, tão constante e tão presente no cotidiano escolar dentro e fora das paredes da escola, hoje o bullyng que acontecia dentro do universo escolar e que no máximo chegava aos espaços que estão em torno da escola, rompe fronteiras e chega até mesmo na net, a Nova Escola da Editora Abril em sua edição Junho/Julho por exemplo, abordou o Cyber Bullyng como matéria de capa mostrando o quão latente é esse problema no cotidiano escolar.

Fico muito reçabiada de dar minha opinião nesse caso, mas vamos ao que eu penso a respeito:

O que ocorre é que a escola, tanto quanto a Internet, são espelhos da sociedade, o que acontece na escola nada mais é do que o acontece em sociedade e a sociedade em si é preconceituosa, homofóbica e despreparada para conviver com as diferenças.

Negros, Gays e pessoas que fazem uma opção por viver um estilho de vida diferente do habitual podem contar milhares de casos e situações em que passaram por constrangimentos e afins por não serem "iguais" a maioria das pessoas.

Só para dar um exemplo de como diferentes são tratados no Brasil, no site do Grupo Gay da Bahia  nós vemos o resultado de um relatório que fala que em 2009 foram assassinados no Brasil  198 homossexuais,  pessoas que foram assassinadas por viverem sua sexualidade de forma diferente, um dado que não deixa de ser alarmante.

E o que falar da situação do negro? Rita de Cássia Fazzi tem um trabalho impressionante que fala sobre a situação da criança negra na escola "O drama racial das crianças brasileiras – socialização entre pares e preconceito" onde, baseada em uma solida pesquisa cientifica, a autora, professora do departamento de Ciências Sociais da PUC/MG, mostra entre outras coisas como a instituição escolar e os próprios educadores são cheios de preconceitos em relação as crianças negras.

Quanto a pessoas que vivem um padrão de vida diferente, paltado por exemplo por uma forma de religiosidade mais ortodoxa, bem ai eu posso falar por mim que sou evangélica e congrego em uma igreja conservadora com costumes bem rígidos que vão desde um cabelo que não deve ser cortado a tipos específicos de roupas. Por exemplo, eu só uso saia e camisas com manga e adulta já passei por diversas situações super chatas por carregar essa estética evangélica, assim como amigos meus que são do candomblé passaram e passam por situações humilhantes por carregarem sua estética sendo chamados até de filhos do diabo, algo que acho muito forte de se dizer de qualquer um.

A sociedade é preconceituosa e esse preconceito vai invariavelmente parar na escola, não tem jeito. O bullyng, que pode ser descrito como ato de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou  grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo ou grupo de indivíduos incapazes de se defender, é um reflexo da nossa situação social, da nossa falta de habilidade de lidar com o diferente, com aquilo que nos assusta, que nos causa muitas vezes repulsa ou que achamos anormal, quadrado ou antiquado.

As crianças e adolescente (e essa é minha opinião como educadora) refletem na escola o que presenciam em casa, o que os pais fazem veladamente as crianças fazem descaradamente em público. Pais homofóbicos produzem crianças violentas contra homossexuais, pais racistas produzem crianças que vão chamar o coleguinha negro de nomes feios e pais que gostam de ridicularizar a religião dos outros vão produzir crianças capazes, por exemplo, de tascar chiclete no cabelo de uma irmanzinha, e isso não foi ninguém que me contou, eu vivi isso.

Quando eu estava na 4ª série vivi um inferno na escola pelo simples fato de assumir uma estética diferente da maioria das crianças de minha sala, era ridicularizada, xingada e cheguei até a ter meu cabelo recheado de chiclete, algo que foi extremamente dolorido para mim porque tive que corta-lo e as mulheres de meu grupo religioso se caracterizam por manter o cabelo grande. Uma colega minha do candomblé levou um murro na sua cabeça quando teve que fazer um ritual de iniciação que exigia que ela raspasse seu cabelo. Outra colega cigana passava por um grande constrangimento sempre que sumia algo na sala, a bolsa dela era a primeira a ser aberta pela professora.

A mim parece que para que a escola se transforme em um ambiente onde os diferentes possam conviver em  paz o mundo precisa se tornar um ambiente onde os diferentes possam conviver em paz! Enquanto o macrocosmo da sociedade for marcado por relações perversas de exclusão o microcosmo da escola vai continuar sendo um local marcado por violências simbólicas e concretas de todo tipo.

Claro, educadores sempre precisam está preparados para enfrentar esse tipo de dificuldade, eu e minhas amigas passamos por todas essas situações abusivas, e isso é uma leitura minha, pq nossas professoras não estavam preparadas para mediar as relações entre nossos colegas e nós..

Minha professora da 4ª série é uma pessoa ótima, mas não conseguia lidar bem com a turma, não conseguia nem mesmo tratar do processo de ensino o que se dirá das relações entre alunos sem estrutura familiar nenhuma, altamente violentos até mesmo com ela, e uma criança que se vestia de forma deslocada no tempo (eu me vestia como minha avó literalmente falando, ela sempre fazia vestidos iguais aos dela para mim). A professora de minhas duas amigas cujos exemplos citei não eram mais preparadas que ela para administrar essas "situações problema", e claro nós sofremos com isso, não poderia ser diferente. O bullyng só pode ser combatido quando a instituição escolar na figura de seus educadores estão preparados para lidar com essas situações e mediar os conflitos que são naturais.

No mais, acho que nós que somos comprometidos com a construção de uma escola que acolhe crianças e adolescentes respeitando suas singularidades estamos dando passos adiante na construção dessa escola ideal, passos lentos, mas estamos dando, assim como a sociedade da passos decisivos para essa construção, especialmente quando se mobiliza em torno de um debate sobre o bullyng como esse proposto pela Vanessa e que tantas pessoas participam com os mais diversos tipos de textos.

Debater é sempre o primeiro passo, não o único, mas o primeiro, e toda grande caminhada, já diz um ditado conhecidissimo, começa com o primeiro passo. O segundo passo é se despir dos preconceitos, tentar entender o outro e não julgar, excluir, condenar ou violentar. Se os adultos começarem a se construir como pessoas menos preconceituosas certamente as crianças vão se construir como pessoas melhores, afinal nós nos construi-mos a partir do outro.

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E bem, essa é minha opinião pessoal sobre o tema, com muitos erros ortograficos e excessos como sempre, eis também minha colaboração ao debate!!!

9 comentários:

  1. Muito bom seu post. Aliás essa coletiva ficou ótima, todo mundo colocou um pouco de si no debate. Muito obrigada pela participação. Se puder aproveite para visitar os outros blogueiros debatedores.

    bjs

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  2. Sei muito bem o que é isso.Eu própria fui vitima de bullying, na minha adolescência. Aos 13 anos pesava , 120 kilos.Era motivo de chacotas de garotas e garotos na escola, mas a minha obesidade era por causa de hormônios acelerados. Por mais que minha mãe fosse a escola falar com diretores e professores nada se resolvia. A minha mãe foi a peça fundamental para enfrentar aqueles que me hostilizava. Hoje 16 quase 17 anos depois de várias dietas para controlar esses hormônios, peso atualmente 53 kilos na altura de 1m70(peso de modelo como dizem). Não pareço nem de longe aquela adolescente "fora do padrão normal" como diz a sociedade.
    E como pedagoga, contadora de história, professora de Língua Portuguesa e Literatura que preserva o bem estar dos meus alunos,sempre estou atenta a qualquer tipo do efeito bullying.
    Beijos , ótima semana a vc.

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  3. OI Pandora!
    Primeiro quero agradecer pelo acompnhamento constante la do blog, sempre fico feliz com seus recadose suas visitas. Apesar de estar com essas dificuldades por aqui, tento me manter informada, hehe
    Espero sinceramente que cada vez mais e mais poessoas se concientizem dessa verdade que você falou ai: as crianças são sim o espelho do que elas veem, sentem, vivem. Um passo importante para a mudança do bullying entre elas, nas escolas, e ver nosso proprio comportamento no dia a dia.
    Um beijo!

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  4. EXCELENTE TEXTO! Eu estou ensinando numa escola pública próxima da minha residência e, infelizmente presencio casos de bullying entre os alunos de diversas faixas etárias. Como você mesmo mencionou, o problema para inumeros atos de violência contra o outro não estão só no indivíduo em sim, mas na estrutura familiar a qual a criança está inserida.

    Nesse sentido, vivemos numa progressiva difusão de valores ortodoxos que não acompanham o avanço sociocultural de cada cidadão. Somos condicionados a aceitar o que está preestabelecido pela sociedade e por isso, tudo o que foge dos "padrões" acaba sofrendo alguma retaliação que geralmente é em forma de violência.

    Ainda nas suas palavras, o MACROCOSMO e o MICROCOSMO (expressões que eu adooooooooooorei!) estão presentes em diversas eferas que constroem a personalidade dos individuos que vivem em sociedade. A escola, por ser a premeira grande rede de interação, acaba difundindo certos valores/conceitos, de acordo com seu posicionamento, ora desconsiderando o novo, ora o estigmatizando.

    O que deve ser feito para mudar tudo isso? Simples: Tolerância! As pessoas têm que entender que ser diferente, sexo, racial ou religiosamente, não classifica ninguém como melhor ou pior, apenas diferente. Aprender a respeitar a diferença é um ato de amor ao próximo. Vamos propagar esse conceito.

    PARABÉNS PELO POST!

    Bjoxxxxxxxxxxxxxxxxx

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  5. Seu texto está EXCELENTE
    Você abordou sobre vários espaços em que o Bullying se manifesta. Interessante é que, em alguns desses espaços você foi vítima.
    Você deve ser uma pessoa maravilhosa. Pois, pertence a uma religião que tem pensamentos próprios e definidos, mas, mesmo assim, você é amigo de adeptos do candomblé. Além disso, é veementemente contra preconceitos contra homossexuais.
    Você, portanto, tem autoridade para falar a respeito do bullying. Parabéns.

    Abraços.

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  6. OLA!
    ESTAMOS NESTA LUTA.
    QUEM SABE VOCÊ VEM COMIGO CONTRIBUIR TAMBÉM
    O DEBATE CONTINUA.
    Estou participando da coletiva.
    Pois ele tem suas diversas manifestações, que precisam ser observadas.
    Algumas atitudes e comportamentos são comuns de um estudante vítima de bullying.
    Venha ver as demais no meu blog interação de amigos.
    http://sandrarandrade7.blogspot.com

    Vamos todos lutar por esta causa.Vamos dizer não.Temos que lutarmos contra o tempo. Muitas coisas ruins já estam acontecendo.
    Muitos ainda estam cegos..Outros não querem se envolver. Mas nós podemos fazer a diferença..Divulgando e lutando..
    A batalha é nossa, não podemos perdê-la.
    Carinhosamente,
    Sandra

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  7. Vejo que todos comentáram coisas super significantes, além seu belo poster.
    Cada um de nós acaba sofrendo de uma maneira ou de outra. Juntos temos que abraçar esta causa e orientar da melhor maneira possível.
    além de estar prepardos. Pode acantecer conosco, sem percebermos também.
    O bullying é uma forma muito triste. Esta nas pequenas ações e nas grandes.
    Um grande abraço,
    sandra

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  8. Erros? Não vi! Estava compenetrada em sua mensagem! Falando em erros, os bullies sempre procuram os pontos fracos para usarem à favor da opressão.
    Os pais, educadores e mestres devem repassar ensinamentos de igualdade - assim como quando somos pequeninos e nos dizem 'vocês não podem brigar, porque são amiguinhos" - conforme crescemos o conceito muda mas os ensinamentos devem ser carregados. Respeito ao ser humano e as diferenças, é o primeiro passo para uma convivência saudável e que possa render boas lembranças.
    O Bully é um infeliz que leva essa infelicidade por onde passa! Porque ao realçar as diferenças em alguém, estamos nos tornando um ser 'estranho', já que todos somos diferentes um dos outros. Beijus,

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  9. J...
    diferente das pessoas que comentaram, eu tenho o prazer de te conhecer pessoalmente, melhor! de conviver dia a dia com vc, e tenho aprendido a ser uma pessoa melhor com essa convivencia (sem demagogia)
    Parabéns!!!
    beijos

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